O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, denunciou neste domingo (28) o lobby pelo 5G chinês no Brasil, feito por políticos da oposição e do Centrão.
Em uma publicação em seu perfil no Twitter o ministro revelou que no dia 4 de março recebeu a senadora Kátia Abreu para um almoço no Ministério das Relações Exteriores, e que em uma conversa cortês “pouco ou nada falou de vacinas.”
No entanto, ao “final, à mesa, Kátia disse: “Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.”
“Não fiz gesto algum.”, afirmou o ministro. “Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria”, completou.
A declaração veio depois de ataques de políticos, bem como os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, que defenderam abertamente a saída de Ernesto do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Os argumentos inicialmente usados eram de que o chanceler brasileiro não obteve sucesso nas negociações de vacinas para o país.
A senadora citada por Ernesto na publicação, Kátia Abreu (PP), é a atual presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no Senado, e no dia 12/02, antes mesmo de ser eleita para o cargo, já havia declarado em entrevista seu incômodo com a discordância ideológica do chanceler brasileiro com a China.
A perseguição contra Araújo ficou mais evidente e ganhou mais aliados desde a audiência do dia 24, quando o ministro se reuniu com os senadores para prestar informações sobre as vacinas e o trabalho do MRE.
De acordo com o portal de notícias UOL, atacando o ministro Ernesto ao chama-lo de “marginal”, Kátia admitiu a defesa não só do 5G chinês, mas também de toda parceria comercial, a qual, segundo ela, “salva” o Brasil há anos.
“O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal”, disse Kátia.
Abre aspas para a matéria do UOL: “A senadora disse ter defendido junto ao chanceler a tese segunda a qual “os certames licitatórios não podem comportar vetos ou restrições políticas.” No caso do leilão do 5G, disse ela, “devem prevalecer os critérios de preço e qualidade. (…) Kátia disse ter alertado Araújo sobre os “prejuízos que um veto à China na questão do 5G poderia acarretar às nossas exportações, especialmente do agronegócio, que vem salvando o país há décadas.””
Apesar de declarar seu apoio aos critérios específicos para a escolha da empresa fornecedora do 5G ao Brasil, existe a defesa velada da empresa chinesa Huawei como favorita para a escolha.
Com sede na província de Guangdong, na China, a Huawei é provavelmente a maior fornecedora de equipamentos para redes e telecomunicações do mundo. No entanto, tem sofrido bloqueios em diversos países por sua ligação direta com o Partido Comunista Chinês e sua ditadura.
O senador e presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, chegou a dizer em suas redes sociais que a declaração do chanceler “atinge todo o Senado Federal”, e defendeu mais uma vez a mudança no comando do MRE.
Políticos como Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, entre outros, também saíram em defesa de Kátia Abreu no Twitter.
Bruna Lima, Terça Livre