segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Mercado aumenta estimativa de inflação pela 30ª semana seguida

 

Banco Central divulgou a nova edição do Boletim Focus
Banco Central divulgou a nova edição do Boletim Focus | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O mercado financeiro elevou mais uma vez a estimativa para a inflação oficial do país tanto para 2021 quanto para 2022. As informações constam do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 1º, pelo Banco Central (BC).

Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção subiu de 8,96% para 9,17% neste ano. Foi a 30ª semana consecutiva de alta do indicador e a primeira vez em que ele ultrapassou a marca dos 9%. Já para 2022, o mercado subiu a estimativa de 4,4% para 4,55%, na 15ª alta seguida.

O centro da meta de inflação é de 3,75% e, pelo sistema vigente no país, ela será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25% em 2021 — a expectativa do mercado, portanto, é que o Brasil passe longe de cumprir a meta neste ano. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

PIB

Segundo os analistas do mercado e economistas consultados pelo BC, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve fechar 2021 registrando uma alta de 4,94%. Na semana passada, a projeção era ligeiramente melhor (4,97%). Para 2022, o mercado reduziu a estimativa de crescimento da economia do país de 1,4% para 1,2%.

Juros

No relatório divulgado hoje, o mercado financeiro também subiu a projeção para a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 8,75% para 9,25% ao final deste ano. Para 2022, os analistas apostam em uma taxa de 10,25% ao ano (ante 9,5% de estimativa na semana passada).

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic subiu de 6,25% para 7,75% ao ano. Foi a sexta alta consecutiva e a maior anunciada em uma reunião do órgão desde dezembro de 2002 — na ocasião, às vésperas da posse do petista Luiz Inácio Lula da Silva, o aumento foi de 22% para 25%.

Com o anúncio do BC, a Selic chega ao maior patamar em quatro anos. Em outubro de 2017, a taxa foi reduzida de 8,25% para 7,5% ao ano. O aumento de 1,5 ponto porcentual superou as expectativas de grande parte dos analistas, que projetavam uma alta de 1,25% (para 7,5% ao ano).

Boletim Focus

Embora as oscilações para mais ou para menos pareçam representar pouca diferença, um simples aumento de 0,1 ponto percentual na estimativa de inflação ou de crescimento do PIB de uma semana para outra é significativo.

“O Focus é revisado toda semana. São 52 semanas no ano. Ele muda aos poucos. Em geral, a mediana muda mais lentamente”, explica a Oeste o economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).


Fábio Matis, Revista Oeste