quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Perda de produtividade torna recuperação da economia gradual, afirma economista do Santander

Temos uma recuperação lenta e gradual da economia, e ela é gradual pela perda de produtividade da economia durante a crise econômica, afirmou a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi.

O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,4% no segundo trimestre, acima das expectativas do mercado financeiro, que esperava alta de 0,2%.

Segundo Vescovi, as reformas, como a da Previdência, estão sendo feitas desde 2016 para aumentar o potencial da economia brasileira, mas que isso também é gradual.
Segundo ela, havia uma expectativa maior de alta da economia, mas isso não deve ocorrer.

“O que a gente vê é uma recuperação muito lenta”, acrescenta.

Para ela, o agravamento da crise argentina deve ter um impacto limitado sobre o Brasil. O motivo, segundo ela, é que a economia do país vizinho já vinha fraca e o comércio entre os países se reduziu.

“Argentina já estava em uma situação frágil”, diz.

Na noite de quarta-feira (28), o país vizinho anunciou moratória de parte de sua dívida e a negociação com credores internacionais e com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

A moratória foi decretada por reflexo da alta de quase 30% do dólar ante o peso argentino, tornando a dívida impagável.

“A Argentina tentou fazer [ajuste fiscal] com gradualismo, deu errado”, afirma Vescovi.

Ela voltou a falar da necessidade do Brasil fazer a reforma da Previdência, que tramita neste momento no Senado.

Segundo ela, estados e municípios têm déficit agregado R$ 350 bilhões a R$ 400 bilhões, acima do rombo da Previdência da União, que está em cerca de R$ 250 bilhões.

“Estados e Municípios é uma entrada fundamental, o maior ganho de adição à reforma [no Senado]”, diz a economista.

Ela afirmou ainda que mesmo com a reforma, a trajetória de dívida brasileira continua crescendo mesmo com a reforma para o pico de 82% do PIB. A partir de 2025, ela passaria a cair.

Tássia Kastner, Folha de São Paulo