Um dos grandes articuladores da fase final do acordo entre Mercosul e União Europeia, o secretário de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, avalia que a conclusão das negociações estabelece uma “mudança de modelo” na forma como o Brasil e o bloco fazem política comercial. Ao Estadão/Broadcast, ele disse que o processo de reformas encabeçado pelo governo tratará de ajudar a indústria brasileira a ser mais competitiva para não ficar atrás em relação aos produtos europeus.
O acordo prevê queda gradual da tarifa de importação de vários produtos. No caso de bens manufaturados, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou durante coletiva de imprensa que haveria uma desgravação (período até que a tarifa atinja zero) entre 10 e 15 anos. “Quinze anos são suficientes (para a indústria melhorar a competitividade)? Eu diria que até em menos tempo, porque o Brasil embarcou em um processo ambicioso de reformas”, disse Troyjo.
Para o secretário, o Brasil viveu por muitos anos uma política protecionista que criou um processo de acomodação interno, com o desenvolvimento de reservas de mercado e de segmentos “que só sobrevivem à custa de mais proteção e subsídios”. “A substituição de importações fez seu efeito e depois do Brasil deveria ter se integrado à economia mundial, mas não fez isso”, pontuou.
Troyjo destacou ainda que a conclusão do acordo entre UE e Mercosul, gestado por 20 anos, destravará outras negociações com blocos e países. Segundo ele, o Brasil e o Mercosul trabalham em várias frentes em acordos com Japão, Estados Unidos, com a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA, na sigla em inglês) e aliança do Pacífico, por exemplo.
Bárbara Nascimento , O Estado de S.Paulo