LONDRES
A Belmond, empresa com sede em Londres, oferece aos seus clientes ricos algumas das experiências de viagens mais opulentas que o dinheiro pode comprar, em lugares como o Hotel Cipriani, em Veneza; o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro; e nos trens da linha Orient Express, que conectam grandes cidades europeias.
Agora, em um sinal da crescente importância que essas experiências adquiriram no mercado de luxo, a Belmond está sendo comprada pela LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, da França, a maior empresa mundial de produtos de luxo, segundo o critério de vendas.
A LVMH, dona de marcas como Christian Dior, Louis Vuitton e Fendi, anunciou nesta sexta-feira (14) que pagaria US$ 25 por ação da Belmond, um ágio de mais de 40% sobre o mais recente valor de fechamento da companhia, em uma transação avaliada em US$ 2,6 bilhões.
"A Belmond oferece experiências únicas a viajantes seletos e controla diversos ativos excepcionais, nos destinos mais procurados", afirmou Bernard Arnault, o presidente-executivo da LVMH, no comunicado que anuncia a transação, a primeira aquisição substancial realizada por sua empresa em mais de 18 meses.
A tomada de controle acionário, que deve ser concluída no primeiro semestre do ano que vem, amplia a carteira de hotéis do grupo LVMH, que já inclui os hotéis Cheval Blanc, em Courchevel, nas Maldivas, em St.Barthelémy e em Paris; e a cadeia de hotelaria Bulgari Hotels and Resorts.
Também coincide com uma mudança nos hábitos de muitos consumidores abastados, que estão trocando a compra de produtos de luxo por experiências opulentas.
Os gastos mundiais na chamada economia da experiência —que são impulsionados principalmente por consumidores da geração millenial— devem atingir os US$ 8,2 trilhões em 2028, de acordo com o grupo de pesquisa de mercado Euromonitor. Já o mercado de produtos de luxo ingressa em um novo período de incerteza.
O crescimento de categorias que já estão muito aquecidas —como viagens, hospedagem, e comida e vinho caros— despertou o interesse de compradores famintos pelas empresas com melhor desempenho nessas categorias.
"A transação da LVMH faz sentido se levarmos em conta o crescimento continuado no número de indivíduos de alto patrimônio, em todo o mundo, e a virada cada vez mais perceptível para o luxo experiencial", disse Thomas Chauvet, diretor de pesquisa sobre ações europeias do setor de luxo no Citi, em nota a investidores na qual ele indica que a aquisição poderá ser usada pela LVMH para elevar as vendas de seus produtos.
A Belmond é proprietária, sócia ou administradora de 46 hotéis, restaurantes, trens e agências de cruzeiros fluviais de luxo. Sua carteira inclui acampamentos para safáris em Botsuana e o único hotel que fica no interior da cidadela de Macchu Picchu, no sul do Peru. A diária média nos hotéis da companhia varia de US$ 448 na Ásia a US$ 1.206 na Europa.
As ações da empresa subiram em 58% de agosto para cá, depois que o anúncio de uma revisão estratégica pelo conselho da Belmond deflagrou especulações sobre uma potencial batalha de aquisição entre a LVMH e grupos de capital privado como o Blackstone e o KKR.
Nos 12 meses encerrados em 30 de setembro, a Belmond teve US$ 140 milhões em lucros anteriores aos juros, impostos, depreciação e amortização, sobre uma receita de US$ 572 milhões.
"Estamos confiantes em que, como parte da família mundial de marcas de primeira classe da LVMH, a capacidade da Belmond para propiciar experiências luxuosas, inesquecíveis e únicas atingirá novos patamares", disse Roeland Vos, presidente da Belmond.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
The New York Times