É o segundo empresário varejista que confirma aos investigadores ter gerado dinheiro vivo em operações com a JBS. No primeiro caso, revelado pelo GLOBO em 16 de novembro, o dono do Supermercado BH, Waldir Rocha Pena relatou que gerou esses recursos e fez entregas de dinheiro em caixas de sabão em pó a um primo de Aécio, Frederico Pacheco. Também intimado na terça-feira pela PF durante a Operação Ross, Waldir acertou com os investigadores que prestaria depoimento em uma nova data a ser agendada posteriormente.
Os executivos da J&F relataram em delação premiada que, além do Supermercado BH, também usaram o supermercado MartMinas para gerar R$ 1 milhão em dinheiro vivo destinados a Aécio. O depoimento de Ronosalto corrobora parcialmente o relato dos delatores, existindo uma divergência somente em relação ao recebedor do dinheiro: o ex-diretor da J&F Ricardo Saud havia afirmado que os recursos foram recebidos por Frederico Pacheco, primo de Aécio, mas Ronosalto negou esta informação. O empresário mineiro também disse não ter conhecimento que o senador tucano era o destinatário final do dinheiro.
“Foram feitos cinco repasses em moeda corrente realizados nos escritórios da própria MartMinas”, afirmou o empresário. Ronosalto explicou que o dinheiro era para quitar transações financeiras da sua rede de supermercados com a JBS: “Em nenhum momento soube a destinação que Joesley Batista pretendia com a antecipação desse valor de R$ 1.100.000,00 por ele solicitado, sendo certo que tal montante estava disponível em virtude de duplicatas que existiam em poder da empresa decorrentes de produtos fornecidos pelo grupo JBS”.
Para os investigadores, as informações dadas pelos donos de supermercados corroboram a delação da J&F e constituem fortes indícios de que houve pagamentos em dinheiro vivo destinados a Aécio.
Procurada pelo GLOBO para comentar o teor desta matéria, a assessoria de Aécio Neves afirmou que ele “não foi citado no novo depoimento e, o anterior, prestado por outro empresário, foi desmentido pelos sócios dele. O senador desconhece o assunto e jamais negociou apoio político em troca de recursos. Todas as doações solicitadas por ele foram na condição de dirigente partidário e na forma da lei. As doações feitas pela JBS à campanha presidencial de 2014 encontram-se devidamente declaradas na prestação de contas do PSDB”.