segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

PF indicia Haddad por caixa 2 em campanha para prefeitura de SP em 2012


Ex-Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad pode ficar fora das eleições em 2018 - Marcos Alves / Agência O Globo (22/12/2016)


Gustavo Schmitt - O Globo


Outras seis pessoas foram citadas no relatório, entre elas o ex-tesoureiro João Vaccari


Polícia Federal (PF) indiciou nesta segunda-feira o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) pelo crime de falsidade ideológica eleitoral. Segundo a polícia, a empreiteira UTC pagou R$ 2,6 milhões via caixa dois para custear serviços da gráfica Souza&Souza para a campanha vitoriosa do petista para a prefeitura em 2012.

Além de Haddad, outras seis pessoas foram indiciadas: o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o coordenador da campanha de Haddad, o ex-vereador Chico Macena, o ex-deputado Francisco Carlos de Souza e mais três pessoas ligadas às gráficas investigadas.

O indiciamento é resultado da Operação Cifra Oculta, baseada nas delações premiadas de Ricardo Pessoa, dono da UTC, e Walmir Pinheiro, executivo do grupo, feitas no âmbito da operação Lava-Jato.

Em seu depoimento, Pessoa disse que foi procurado por Vaccari para quitar uma dívida de R$ 3 milhões que o partido teria com a gráfica, de propriedade da família do deputado Souza. Após negociar com a empresa, a UTC acabou pagando R$ 2,6 milhões. Segundo os delatores, o pagamento foi operacionalizado pelo doleiro Alberto Youssef.

Em junho do ano passado, quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão ligados a essa operação, Haddad negou que tenha cometido irregularidades. Por meio de sua assessoria, afirmou que a gráfica citada na investigação "prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE".

Ainda segundo Haddad, a UTC teve seus interesses contrariados durante sua gestão na prefeitura, que cancelou um contrato público da empreiteira. "Seria contraditório uma empresa que teve seus interesses prejudicados pela administração, saldar uma dívida de campanha deste administrador", disse nota de Haddad, na época.

O GLOBO ainda não conseguiu contato com os acusados nesta segunda-feira.