Empresa pode estar liberando as mudanças anunciadas em uma parte dos perfis; alterações no feed de notícias fizeram o Facebook perder US$ 25 bilhões em valor de mercado
O Estado de S. Paulo
Usuários do Facebook nos Estados Unidos relataram ter visto menos reportagens e posts de empresas no último fim de semana
A rede social Facebook já pode ter começado a colocar em prática as mudanças do feed de notícias. Usuários norte-americanos relatam desde o último sábado, 13, que têm visto menos publicações de reportagens e mais postagens de amigos e familiares na plataforma.
Segundo reportagem do site norte-americano Business Insider, usuários de várias partes dos Estados Unidos disseram ter visto poucas publicações de empresas nos últimos dias.
Dos primeiros 50 posts no feed de notícias de Colin Stokes, diz o site, apenas dez eram de organizações ou pessoas que ele seguiu. “Fiquei surpreso com o fato de os números serem mais distorcidos”, disse Stokes. “Eu esperava mais equilíbrio.”
Já Kelly Snider disse que viu apenas algumas postagens patrocinadas e apenas um par de postagens de organizações que ela segue. “A maioria, muito mais do que antes, é de amigos”, disse Snider. “É esmagadoramente amigos, e isso é incomum.”
O site americano ressalta, no entanto, que apenas as observações dos usuários sobre o próprio feed de notícias não garantem que as mudanças de fato começaram. Isso porque o algoritmo do Facebook já personalizava o feed de acordo com a interação com a página em postagens anteriores. Assim, se os usuários veem apenas algumas publicações de organizações que eles seguem, pode significar que raramente eles clicaram ou comentaram nas publicações anteriores.
O Facebok não comentou as informações.
Impactos. Desde que anunciou as mudanças em seu feed de notícias, o Facebook perdeu US$ 25 bilhões em valor de mercado nas 24h seguintes ao anúncio. Apesar do forte impacto, a maioria dos analistas de Wall Street concordou com a justificativa de Mark Zuckerberg que a alteração é boa para a empresa em longo prazo.
Segundo os analistas, como a empresa obtém grande parte de sua receita por meio de publicidade, qualquer alteração no feed de notícias pode potencialmente afetar sua capacidade de vender propagandas, o que assustou os investidores e fez as ações caírem mais de 4% na última sexta-feira, 12.
Em reação, o Facebook enviou um e-mail para seus parceiros de mídia explicando detalhes das mudanças. A rede social disse aos publishers que suas páginas poderão ter um declínio de alcance orgânico (sem publicidade), mas as postagens que indicam conversas significativas serão menos afetadas pela mudança.
Estima-se que ao menos 45% dos adultos nos EUA leem notícias por meio do Facebook, segundo uma pesquisa de Pew Research feita em setembro.
Reações. Entre os funcionários do Facebook, a repercussão da mudança foi boa, de acordo com reportagem do BuzzFeed News. Muitos engenheiros que participaram da alteração do algoritmo, há cinco anos, para privilegiar notícias, acreditam que a companhia está se voltando para sua função inicial: conectar pessoas.
“O conteúdo de notícias foi colocado originalmente para derrotar o Twitter”, disse um ex-desenvolvedor ao BuzzFeed News. A estratégia, porém, não acabou com o Twitter, mas afastou a atenção do Facebook para a sua missão original. Um dos ex-funcionários acredita que, apesar do benefício de longo prazo, as mudanças podem trazer impactos negativos no curto prazo.
“O Facebook tornou-se uma parte essencial da infraestrutura para o conteúdo público, e devemos ter cuidado com qualquer coisa que prejudique a utilidade”, disse o funcionário ao site. "A mídia está na linha de frente para ajudar nossa sociedade a navegar nos desafios atuais, e o Facebook tem a obrigação de ajudar sua comunidade a se conectar com informações tão prontamente quanto com amigos."
