terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Míriam Leitão: No julgamento de Lula, não há resultado bom para economia

Sede do tribunal, em Porto Alegre
Do ponto de vista econômico, não existe resultado bom no julgamento do recurso do ex-presidente Lula. A incerteza é a condição mais temida na economia. E ela vai permanecer, independentemente da decisão do TRF-4. A incerteza é da natureza dos processos judiciais e não haverá decisão definitiva na quarta-feira. Recursos serão interpostos. E neste ano ainda tem eleições. As dúvidas sobre o que vai acontecer na economia e na política são imensas.
De um lado, não se sabe quem serão os candidatos e que ideias defenderão. De outro, falta clareza sobre qual caminho o país tomará para, por exemplo, organizar as contas públicas.
Sobre a votação de amanhã, já se pode dizer que os juizes decidirão com independência. E que, qualquer que seja o resultado, a defesa de Lula terá inúmeras possibilidades de recurso. Não há, portanto, respostas imediatas para as perguntas que circulam: se o ex-presidente será condenado, se ficará inelegível, ou se vai ser absolvido nessa ação.
A bolsa chegou a cair nesta terça-feira, com investidores vendendo ações para realizar os lucros, após as altas dos últimos dias. É esperada mais volatilidade daqui para frente, qualquer que seja o resultado do julgamento. O mercado discute sobre o placar da votação dos três desembargadores, se será unânime ou não, como se a quarta-feira fosse o dia do tudo ou nada para a economia. Não é. É preciso separar toda a volatilidade do mercado financeiro, e sua importância superficial, da economia real. Há mais questões não resolvidas. 
A quarta-feira não vai esclarecer todas as dúvidas do cenário. Não haverá um dia decisivo como esse, inclusive. É preciso ter paciência com o ano de 2018.