terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Devolução de R$ 130 bi ao Tesouro pode ficar para o segundo semestre, diz BNDES


Presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro - Jorge William / Agência O Globo


Diane da Costa, O Globo



O diretor da Área Financeira e Internacional do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, disse que, nesse momento, o banco não tem condições e nem sabe ainda quando conseguirá pagar uma primeira parcela dos R$ 130 bilhões que precisa devolver à União até o fim do ano.

— Ainda não foi combinada a primeira parcela. Pode ser que fique tudo para o segundo semestre ou combinemos uma parcela menor de R$ 30 bilhões ou R$ 15 bilhões — afirmou o diretor, lembrando que o montante total precisa ser quitado até o final do ano.

Ele e o presidente do banco, Paulo Rabello, também voltaram a afirmar que aguardam sinal verde do Banco Central (BC) para emitir LCIs (letras de crédito imobiliário), o que hoje é vedado pela autoridade monetária, mas considerado fundamental pelo BNDES para levantar o valor necessário a devolver à União. Os dois participaram na manhã desta terça-feira do seminário Brasil: Imperativo Renascer, promovido pela Revista Insight-Inteligência.

— O pedido já foi feito duas vezes este ano. Estamos aguardando. Inicialmente, conseguiríamos entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. É uma operação que tem o custo barato — explicou Freitas, ressaltando que o banco não tem previsão de captar dinheiro no exterior este ano, pois é uma operação muito custosa. A última vez que o banco fez esse tipo de operação, em maio do ano passado, levantou cerca de R$ 1 bilhão.

— Temos de ter um coquetel de fundos no banco, que nos dê a possibilidade de um spread médio, mais acessível. Nós já baixamos esse spread por resolução da diretoria e pretendemos baixar ainda mais — afirmou Rabello.

Ele defendeu, durante o seminário, uma parceria entre as instituições estatais e a sociedade para incrementar o desenvolvimento do país. Mas disse que não se deve depositar no banco a responsabilidade única por suprir deficiências do Estado.

— Temos um déficit de incentivo ao empreendedor. Mas não basta o BNDES suprir isso. O BNDES não é supridor de deficiências. É fomentador de adicionalidades. Não está aqui para fazer o papel que o setor privado não fez, mas para articular aquilo que é para se fazer nas áreas mais difíceis. Tanto é injusta a cobrança que se faz ao BNDES de que criou campões nacionais. Ele foi entrando onde haviam um déficit artifical, criado por uma relação risco-retorno — completou o presidente.