O Globo com agências internacionais
WASHINGTON - Em entrevista à CNN, a ex-secretária de Estado americana Condoleezza Rice elogiou a importância do #Metoo, mas recomendou cuidado para que o movimento não "infantilize as mulheres", as colocando em lugar de fragilidade excessiva. Ela disse ainda que teme que o movimento prejudique a interação social em ambientes de trabalho por receio dos homens de sofrerem denúncias de assédio ou de comportamento inadequado.
"O que não quero mesmo que aconteça - eu realmente não quero - é que a gente chegue em um patamar em que homens comecem a pensar: 'Bem, talvez seja melhor não ter mulheres por perto'", ela explicou. 'Isso me preocupa. Penso que o movimento para expor essas circunstâncias é uma boa coisa. Mas vamos esclarecer as coisas".
Na entrevista transmitida neste sábado, Rice se referiu ao movimento iniciado após denuncias de assédio envolvendo o produtor de Hollywood Harvey Weinstein que deu origem a uma grande campanha on-line, com anônimas e atrizes revelando que também foram vítimas de abusos no passado usando a hashtag #MeToo.
Rice, que é a primeira mulher negra a assumir o cargo de secrtária de estado nos Estados Unidos, fez questão de deixar claro que suas declarações no programa não tinham o objetivo de menosprezar o #MeToo ou os relatos das mulheres que denunciaram casos de assédio dos quais foram vítimas.
Ainda sobre a mesma temática, Rice comentou se já havia sido vítima de assédio, respondendo que "certamente já haviam dito coisas inapropriadas" para ela.
"Certamente tiveram pessoas que sugeriram que talvez púdessemos sair, - e você sabe - situações envolvendo pessoas mais velhas que eu" afirmou durante a entrevista. "Nunca alguém fez algo que eu considerasse assédio. Mas não conheço uma mulher que não tenha tido passado por alguém que tenha dito ou feito algo que tenha sido inapropriado.".