DA REUTERS
O Brasil fechou 2017 com deficit em transações correntes de US$ 9,76 bilhões, melhor resultado em dez anos, equivalente a 0,48% do PIB (Produto Interno Bruto), divulgou o Banco Central nesta sexta-feira (26).
O desempenho foi o melhor desde 2007, quando houve superavit de US$ 408 milhões, e ficou praticamente em linha com a expectativa do próprio BC, de rombo de US$ 9,2 bilhões.
Só no mês passado, as transações correntes do país ficaram negativas em US$ 4,3 bilhões, ante expectativa do mercado de saldo negativo em US$ 4,05 bilhões, segundo pesquisa da agência Reuters com analistas.
O setor externo tem sido apontado pela equipe econômica, em especial pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, como uma variável econômica bastante positiva, capaz de proteger o país de eventuais turbulências.
O resultado foi guiado pela força da balança comercial, tanto pelo maior volume transacionado quanto por preços mais favoráveis de algumas commodities de peso na pauta brasileira, como minério de ferro e petróleo. Em 2017, o saldo comercial ficou positivo em US$ 64 bilhões.
No sentido contrário, os gastos líquidos de brasileiros no exterior fecharam 2017 em US$ 13,2 bilhões, quase 56% a mais do que o resultado do ano anterior.
As remessas de lucro e dividendos de multinacionais instaladas no Brasil também cresceram em 2017, apesar de ritmo menor, totalizando US$ 21 bilhões. Em 2016, esse rombo havia sido de US$ 19,4 bilhões.
Para 2018, o BC prevê deficit de US$ 18,4 bilhões na conta corrente do país, também ajudado pela balança comercial mais forte.
O BC informou ainda que os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 70,3 bilhões em 2017, o pior desempenho desde 2013, quando ficaram em US$ 69,7 bilhões.
A queda do IDP foi puxada pelo tombo em operações intercompanhia, que fecharam em US$ 11,2 bilhões em 2017, contra US$ 24,1 bilhões no ano anterior, segundo o BC. Os números sugerem que multinacionais relutaram em investir em novos projetos antes das eleições de 2018.
Em 2017, vendas de participações no capital de companhias brasileiras, no entanto, atingiram o maior nível desde 2012, a US$ 59,1 bilhões, em linha com a retomada das operações de fusões e aquisições no ano passado.
Conglomerados envolvidos em escândalos de corrupção e empresas endividadas foram forçados a vender ativos no ano passado, impulsionando a atividade de fusões e aquisições. Banqueiros e advogados disseram à Reuters que a recuperação econômica e juros em queda provavelmente devem sustentar esse avanço em 2018.











