Simone Cavalcanti, Renato Carvalho e Equipe AE, O Estado de S.Paulo
Em dois dias, a Bolsa acumulou um rali recorde, com alta de 4,8 mil pontos, levando o Ibovespa, índice com as ações mais negociadas da B3, para o patamar de 85.530,83 pontos, o mais alto da história. Em janeiro, o índice acumula valorização de 11,95% ou, nos últimos 12 meses, alta de 29,22%.
No dia que antecedeu o julgamente em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o índice à vista fechou em 80.678,35. No dia do julgamento de Lula, o Ibovespa saltou para 83.680 pontos e, como no dia 25 o mercado permaneceu fechado, em virtude do aniversário de 464 anos da cidade de São Paulo, o primeiro pregão após a condenação do ex-presidente foi nesta sexta-feira, 26, em que registrou alta de 2,21%.
O volume financeiro desta sexta-feira, de R$ 16 bilhões, foi o dobro da média do mês e, segundo Aldo Muniz Filho, analista da Um Investimentos, mostra que quem apostou na ponta de venda antes do julgamento 'virou a mão' e quem estava fora dos negócios da Bolsa acabou entrando.
Para Filho, houve um mix de notícias domésticas favoráveis ainda no contexto de um cenário externo benigno. Segundo ele, dados do Caged sobre desemprego foram menores em comparação aos dois anos anteriores, as perspectivas de déficit fiscal estão abaixo do projetado e houve aumento da pena para o ex-presidente Lula, o que dificulta suas chances de voltar a ocupar o Palácio do Planalto.
Na leitura dos agentes de mercado, aumentam as possibilidades de sucesso de um candidato com pensamento alinhado com o ajuste das contas públicas.
Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial, ressalta que também as ações de setores ligadas à economia doméstica tiveram boa performance, como nas companhias de consumo, varejo e infraestrutura. Esse desempenho acompanha o cenário de redução da taxa básica de juros e da atividade econômica mais forte.
Na quinta-feira, 25, os American Depositary Receipts (ADRs, que são os títulos emitidos por empresas estrangeiras para que suas ações sejam negociadas nas bolsas de valores dos Estados Unidos) de companhias brasileiras tiveram alta: Eletrobrás subiu 1,61%, Itaú avançou 2,61%, o papel referente à ação ON do Bradesco ganhou 1,98% e Petrobras apresentou valorização de 1,30%.
Empresas. O destaque positivo do Ibovespa nesta sexta-feira ficou com a Cemig. Além do preço atrativo, já que a ação ainda acumula queda em um ano, notícias recentes alimentam expectativas de mudanças na estatal mineira, inclusive um enfraquecimento do atual governador Fernando Pimentel, do PT, após a condenação do ex-presidente Lula em segunda instância. Entre as blue chips, destaque para Itaú Unibanco, que se beneficia não só do cenário político, mas também das perspectivas para os resultados do quarto trimestre de 2017.
Cemig PN fechou com alta de 10,07%, na máxima. No que diz respeito ao preço, já contabilizado o desempenho desta sexta-feira, a ação ainda acumula queda de 13% em um ano. Os operadores citam ainda a expectativa de que haja uma mudança no comando da empresa, esperada desde o ano passado, e até mesmo no governo mineiro, já que após a confirmação da condenação de Lula em segunda instância, existe a expectativa de que Pimentel desista de concorrer ao governo e tente uma vaga para o Senado.
Outra notícia importante para as estatais de energia foi a publicação no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira do Decreto 9.271/2018, que pode ajudar a destravar a privatização da Cesp, conforme o Broadcast já informou. Por meio do texto, a venda da empresa poderá ser realizada associada a um novo contrato de concessão para a usina de Porto Primavera, que vence apenas em maio de 2028.
O decreto regulamenta a Lei 9.074/1995, conhecida como Lei das Concessões. Outras estatais de energia poderão fazer a mesma opção, desde que haja pagamento de outorga à União.
Bancos. Os bancos também tiveram bons desempenhos nesta sexta-feira, com Itaú Unibanco PN (+5,46%, na máxima) com a maior alta do segmento. Também avançaram Santander Brasil Unit (+4,38%, na máxima), Bradesco PN (+3,52%) e ON (+4,61%, na máxima), além de Banco do Brasil ON (+3,11%). As projeções da Prévias Broadcast mostram que os resultados do quarto trimestre de 2017, que começam a ser apresentados na próxima semana, devem apresentar melhora em relação ao mesmo período de 2016.
Juntos, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil devem reportar lucro líquido recorrente de R$ 16,528 bilhões no quarto trimestre, conforme a média de analistas consultados na Prévias Broadcast. O montante, caso seja alcançado, representará expansão de 18,6% em relação aos resultados apresentados no mesmo intervalo do ano anterior, que totalizaram R$ 13,938 bilhões.
No caso do Itaú, o crescimento deve ser de 7% na comparação anual, enquanto no Bradesco o avanço deve chegar a 11%. Santander e BB devem ter crescimentos de 30% e 60% nos lucros do quarto trimestre, respectivamente.
Petrobrás. As ações da Petrobras fecharam com altas de 3,05% (PN) e 5,24% (ON). Essa diferença de desempenho entre as duas categorias se deve, segundo operadores, ao maior apetite dos estrangeiros, e também por uma diferença de precificação, já que com as altas de hoje, as valorizações dos dois papéis em um ano estão muito próximas.
A estatal confirmou a emissão de US$ 2 bilhões do Global Notes com vencimento em 1º de fevereiro de 2029 e rendimento ao investidor de 5,95% ao ano, como antecipado ontem pelo Broadcast. A oferta da Petrobras Global Finance tem preço de emissão de 98,402% do montante do principal e cupom de 5,750%.
Papel e celulose. Assim como já tinha acontecido na última quarta-feira, dois dos destaques negativos do Ibovespa ficaram com Suzano ON (-1,44%) e Fibria ON (-1,18%). Isso por conta da tendência do dólar de se manter em uma cotação abaixo de R$ 3,15. Hoje, no mercado à vista, a moeda norte-americana fechou praticamente estável (-0,02%), a R$ 3,1385.
O Ibovespa fechou em alta de 2,21%, aos 85.530,83 pontos, na máxima. Em janeiro, o índice acumula avanço de 11,95%. O giro financeiro nesta sexta ficou em R$ 9,93 bilhões, segundo dados preliminares.
