O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), avalia que o governo terá que reorganizar a base de apoio para conseguir avançar com a agenda de reformas, especialmente a da Previdência, que precisa de no mínimo 308 votos para ser aprovada no plenário da Casa.
O parlamentar ressaltou que, dependendo da ótica que se avalia o apoio do governo na Câmara ontem, este apoio certamente é menor se comparado ao que o presidente Temer possuía antes do dia 17 de maio, quando foi revelada a delação da JBS e o áudio da conversa do peemedebista com o empresário Joesley Batista. "Já ao se olhar três, quatro semanas atrás, o governo teve resultado melhor que todos projetavam."
"Se você projetar um futuro, para se votar reformas, principalmente a da Previdência, o governo terá que reorganizar a base e acho que neste ponto é muito importante que se traga de forma unida o PSDB de volta para o governo", disse a jornalistas antes de participar de evento do banco norte-americano Goldman Sachs. Assim, se quiser ter o apoio que tinha antes da JBS, na casa dos 330 ou 340 parlamentares, o governo vai precisar recompor a base, disse Maia.
"Deputados que votaram pela abertura das denúncias não necessariamente votarão contra as reformas. Alguns já me disseram isso", afirmou Maia. "O ponto chave neste momento é a reorganização com o PSDB. O partido é muito importante para a base do governo".
Questionado sobre uma segunda denúncia que pode ser enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer, Maia disse que não trata de assuntos que não estão no seu controle. "Vou tratar da pauta da Casa com os lideres a partir da próxima semana."
"Era importante que a votação ocorresse e ocorresse com quórum elevado e as duas coisas aconteceram", disse Maia quando perguntado sobre sua avaliação da votação ontem na Câmara, da denúncia contra o presidente Michel Temer. Maia considerou a votação difícil e citou a divisão do PSDB, com parte votando contra a denúncia e parte a favor, mas considerou que a maioria dos tucanos apoia a agenda reformista. "O Brasil precisa que partidos que têm visão parecida sobre o futuro da economia estejam em conjunto."
Após a votação de ontem, Maia disse que sua prioridade agora é a agenda das reformas econômicas e também de outros temas, como a questão da segurança pública.