O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, abriu mais um inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL), agora por desvios no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Noves fora um processo em que já figura como réu, esta é a 17ª investigação deflagrada contra o senador, 13 das quais no âmbito da Lava Jato. “É mais uma acusação sem provas”, desdenha o pluri-acusado.
O ministro Barroso parece discordar: ''No presente caso, um primeiro exame dos autos revela elementos de participação direta do Parlamentar nos fatos narrados. Não se está diante de notícia sem qualquer apoio indiciário ou de notícia fundada somente em denúncia anônima, devendo-se dar prevalência, diante disso, ao interesse da sociedade em ver esclarecidos os fatos.''
Renan, o sobrevivente, disputará a reeleição para o Senado em 2018. Se chegar às urnas brandido uma ficha limpa, sujará a reputação do Supremo. O senador frequenta o topo do ranking dos processados com direito a foro especial. A desmoralização da Suprema Corte aumenta na proporção direta da reincidência de Renan, que mantém a pose de personagem insuspeito.
Diante da demora do Supremo em providenciar uma resposta, não restará ao eleitor senão interrogar os seus votões diante da urna: existe alguma coisa mais suspeita do que a conduta absolutamente irrepreensível de um senador encrencado em 18 processos criminais?