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O governador de SP, Geraldo Alckmin, discursa durante evento dos 15 anos da Sabesp na Bolsa de Nova York |
GABRIELA SÁ PESSOA - Folha de São Paulo
Em reunião na manhã desta quarta (30) com deputados na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o secretário da Casa Civil, Saulo de Castro, afirmou que fundos internacionais de pensão têm demonstrado interesse em investir em participações na holding que irá controlar a Sabesp. Com a venda, o Estado estima arrecadar ao menos R$ 6 bilhões.
Um projeto do governo Alckmin, em tramitação no Legislativo, prevê a criação de uma sociedade controladora para reorganizar a estrutura societária da Sabesp e atrair novos investidores para o setor de saneamento.
Hoje, São Paulo detêm 50,3% da empresa pública. Em 2016, a empresa teve lucro líquido da ordem de R$ 3 bilhões.
O texto deve começar a ser discutido em plenário na sessão desta quarta, após a votação pelas comissões das 76 emendas apresentadas.
Algumas delas, apresentadas pelo PT e também por partidos da base aliada, serão incorporadas em nova redação da proposta.
"Pode cravar os 30%", afirmou Barros Munhoz (PSDB), líder do Governo, referindo-se ao valor mínimo dos dividendos que deverá ser investido em saneamento básico. O percentual foi proposto em emenda da bancada do DEM, aliada do governo.
Munhoz também afirmou que incluirá a obrigatoriedade de priorizar o investimento em ações no Estado com recursos que eventualmente conseguir com contratos fora de São Paulo.
"O interesse [do projeto] é um só: ampliar a capacidade financeira do Estado de São Paulo e captar recursos para a companhia fazer mais e melhor, sem privatizar a Sabesp", afirmou o líder do governo.
A bancada do PT "[critica]"http://m.folha.uol.com.br/opiniao/2017/08/1914150-nao-cheira-bem.shtml?mobile a operação: o deputado Alencar Santana, líder da legenda na Casa, afirmou que a premissa não é ajudar a Sabesp, mas atender investidores que têm interesse no saneamento básico e que poderão atuar no setor por meio da companhia.
"Quando se abriu o capital [da estatal] em 2002, promessas foram feitas. O que se fez com aquele dinheiro? Não conseguimos resolver e promessas não se concluíram, estamos longe da meta de universalizar o saneamento", afirmou o petista.
Santana se referia a um decreto de 2012 de Geraldo Alckmin que estipulava que São Paulo ampliaria a todos os cidadãos o acesso a saneamento básico até 2020.
NOVOS MERCADOS
A holding poderá atuar em outros mercados, para além do tratamento de esgoto e distribuição de água em São Paulo. Para Saulo de Castro, não se trata de uma novidade: a empresa já mantém contratos em outros Estados —por exemplo, com Alagoas.
Há interesse, ele afirmou, em atuar na coleta e tratamento de lixo, ajudando as prefeituras: "Lixo também é saneamento".
Aos deputados, citou como exemplo a possibilidade de investimentos na CEDAE, a companhia de abastecimento do Rio. À reportagem, posteriormente, Saulo de Castro afirmou que essa operação ainda não está nos planos e dependerá do interesse de futuros investidores.
Segundo ele, o perfil dos acionistas é o investidor "de longo prazo". Na reunião, citou fundos de pensão do Canadá e do Japão, países interessados em conversas com a companhia.
Presente no encontro com os deputados, Jerson Kelman, presidente da Sabesp, comentou que há cerca de 280 projetos na fila para receber recursos com a criação da holding.
A prioridade, afirmou ele, será a continuidade da recuperação do rio Tietê, em andamento desde 1992.
Hoje, a Sabesp sobrevive exclusivamente dos recursos da tarifa de água. Segundo Castro, a capitalização não terá impacto no preço, determinado pela agência reguladora —que afirmou, em "[carta pública,]"http://m.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1913952-regulador-de-saneamento-diz-nao-ter-condicoes-de-fiscalizar-nova-sabesp.shtml?mobile não ter recursos para fiscalizar a atuação da empresa nos moldes da holding.