segunda-feira, 28 de agosto de 2017

STF abre inquérito para apurar caixa dois na campanha de Serra em 2010


O senador José Serra (PSDB-SP) - André Coelho / Agência O Globo / 9-11-2016


Carolina Brígido - O Globo



A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta segunda-feira a abertura de um inquérito para investigar o senador José Serra (PSDB-SP) por caixa dois. A suspeita é de que ele deixou de declarar, à Justiça Eleitoral, parte das doações recebidas para abastecer a campanha à Presidência da República de 2010. Na época, o tucano ficou em segundo lugar, perdendo para Dilma Rousseff (PT). O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O suposto crime foi denunciado pelo empresário Joesley Batista, dono na JBS, em acordo de delação premiada. Para Janot, como o caso não tem ligação direta com os crimes investigados na Operação Lava-Jato, que mira desvios de dinheiro da Petrobras, o caso foi encaminhado a um novo relator. Esse trecho da delação saiu das mãos do ministro Edson Fachin e foi sorteado para Rosa Weber.

Na delação, Joesley disse que, a pedido de Serra, foram transferidos R$ 20 milhões à campanha. Desse total, apenas R$ 13 milhões teriam sido declarados oficialmente à Justiça Eleitoral. O restante teria sido repassado, por meio de emissão de notas pela empresa LRC Eventos e para uma empresa de pesquisa.

A pedido de Janot, Rosa Weber autorizou depoimentos dos responsáveis pelas empresas e também do senador.

“As oitivas dos representantes legais das empresas emissoras das notas fiscais que deram lastro à suposta contribuição eleitoral não contabilizada, assim como a do senador da República José Serra, constituem o ponto de partida para o aprofundamento das investigações”, escreveu a ministra.

Em nota, o senador nega as acusações.
"O senador José Serra reitera que todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei, com as finanças sob responsabilidade do partido. E sem nunca oferecer nenhuma contrapartida por doações eleitorais".

Serra já era investigado em outro inquérito, junto com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, decorrente das delações da Odebrecht, que trata de desvios na licitação das obras do Rodoanel.