Zanone Fraissat/Folhapress | |
Irmãos Wesley (esq.) e Joesley Batista |
O conselho de administração da JBS decidiu manter Wesley Batista na presidência da companhia, apesar de pedido do BNDES para afastamento do executivo e investigação dos danos causados à empresa pelos crimes de corrupção delatados por Joesley Batista.
Em comunicado distribuído nesta segunda (28), a JBS diz que, na avaliação do conselho, o afastamento seria prejudicial à companhia. Os conselheiros também rejeitaram a proposta, também do BNDES, de contratação de auditoria externa para investigar controladores e ex-administradores.
Por meio da empresa de participações BNDESPar, o banco tem 21,3% das ações da JBS. O afastamento da família Batista foi uma das primeiras bandeiras levantadas pelo presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro, ao assumir o cargo em junho.
As propostas do BNDES serão discutidas em assembleia de acionistas em 1º de setembro e têm apoio de outros minoritários insatisfeitos com a permanência dos Batista no comando após a confissão de crimes em delação premiada.
No comunicado distribuído nesta segunda, a empresa chama as propostas de "prematuras e disruptivas" e diz que a criação de um comitê de investigação já é prevista no acordo de leniência negociado entre sua controladora, a J&F, com o Ministério Público.
"Cabe à administração agir com serenidade, sem açodamento, para, de maneira informada, refletida e sobretudo desinteressada, com o apoio de assessores especialmente contratados, dar início aos trabalhos de investigação interna e independente exigidos pelo Ministério Público", defende.
A JBS argumentou ainda que vem tomando medidas para conter a crise gerada pela delação de Joesley Batista, incluindo o afastamento do executivo, o lançamento de um plano de venda de ativos no valor de R$ 6 bilhões e acordo com bancos para alongamento de sua dívida, de R$ 20,5 bilhões.
"Ao final dos trabalhos investigativos, espera-se que a administração da companhia esteja de posse dos elementos de informação necessários para torná-la apta a tomar as medidas cabíveis, sempre com vistas a proteger o interesse social da JBS", disse a companhia.
REMUNERAÇÃO
A JBS defendeu ainda proposta de ampliar, em até R$ 10 milhões, a remuneração de seus administradores para o ano de 2017 —proposta também criticada pelo BNDES.
Em assembleia realizada em abril, os acionistas aprovaram um valor de R$ 17 milhões para remunerar executivos. Agora, a empresa pede R$ 27 milhões.
O aumento seria dado apenas para os membros do conselho de administração: a cifra destinada a eles subiria de R$ 2,59 milhões para R$ 14,6 milhões.
A empresa diz que as assessorias MercerHuman Resource Consulting e Hay Group concluíram os valores devem ser elevados e que a deve criar ainda criar uma "remuneração variável como forma de incentivo e retenção", vinculada aos resultados de médio e longo prazos.
A companhia também defendeu proposta de inclusão em seu estatuto de permissão para indenizar executivos por danos ou prejuízos sofridos no exercício de suas funções, além dos seguros conhecidos como D&O —que cobrem prejuízos com ações judiciais.
A proposta, diz a empresa, "tem por finalidade promover e manter um alinhamento entre as praticas adotadas pela companhia e aquelas adotadas no mercado internacional".