Líder do Vem pra Rua afirmou que saída do presidente causaria instabilidade muito grande. Atos deste domingo foram menores do que os do impeachment
Com uma pauta difusa e o público disperso em pequenas concentrações ao longo da Av. Paulista, no centro de São Paulo, os movimentos que saíram às ruas neste domingo (26/03) tiveram uma adesão bem baixa se comparada aos atos dos dois últimos anos. Na capital paulista e em outras cidades do país, os grupos pouparam o presidente Michel Temer e concentraram as manifestações no apoio à Lava Jato, na rejeição ao voto em lista fechada e no pedido pelo fim do foro privilegiado.
O líder do Vem pra Rua, grupo que concentrou o maior número de pessoas na Paulista, Rogério Chequer, disse a VEJA que o esvaziamento aconteceu porque o pleito era “mais complicado”, a despeito de “estarmos vivendo em um momento tão grave como no impeachment”. Mesmo assim, ele destacou o interesse do público que compareceu em discutir temas menos palatáveis para a maioria da população, como o fim do foro privilegiado, da proposta de lista fechada e da anistia ao caixa dois. “Foi diferente. Não era um assunto binário como antes. É mais complicado. Mas o engajamento foi forte”, disse ele.
Sem um alvo claro, além do ex-presidente Lula, Chequer pontuou que não se ouviu em nenhum discurso nem viu em cartazes o “Fora, Temer”, mote das centrais sindicais e movimentos de esquerda que fecharam a mesma Avenida no último dia 15.
“Tomamos cuidado para que nenhuma crítica escorregasse no Fora Temer. Não viemos aqui pedir o impeachment dele. Isso causaria uma instabilidade muito grande”, disse. Ele afirmou que está esperando a decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as contas da chapa de 2014 para decidir se abraça ou não a campanha do ‘Fora Temer’ – o que, por enquanto, está fora de cogitação. “Aqui é fora políticos que agem para benefício próprio, que não são todos”, completou.
Num dos primeiros atos de 2014, o Vem pra Rua deu palanque para tucanos, como o senador José Serra, cujo nome consta na lista de pedidos de inquérito enviada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Fizemos uma besteira. Mas aprendemos e a partir de 2015 não demos mais espaço a políticos”, disse Chequer. No ato deste domingo, poucos políticos marcaram presença, com exceção do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do deputado Major Olimpio (SD-SP).
MBL
Enquanto o Vem pra Rua foi o último movimento a encerrar o ato, o Brasil Livre foi o primeiro – o grupo desligou o carro de som por volta das 16h30. Com a expectativa de baixa adesão, o MBL planejava se deslocar ao invés de ficar parado na Paulista. Mudaram de ideia por uma orientação da Polícia Militar.
“Está mais vazio porque esse é um ato de alerta aos políticos e não um protesto baseado num momento histórico como o impeachment. Não podemos nos tornar reféns do nosso próprio sucesso”, disse Renan Haas, um dos coordenadores do MBL, referindo-se aos megaprotestos que levaram milhões às ruas de todo o Brasil contra Dilma.