domingo, 26 de março de 2017

Chequer: ‘Tomamos cuidado para não escorregar para o Fora Temer’

Eduardo Gonçalves - Veja



Líder do Vem pra Rua afirmou que saída do presidente causaria instabilidade muito grande. Atos deste domingo foram menores do que os do impeachment


Na Avenida Paulista, manifestação organizada pelos movimentos sociais MBL (Movimento Brasil Livre) e "Vem Pra Rua", que também aconteceu em outras cidades do Brasil

Com uma pauta difusa e o público disperso em pequenas concentrações ao longo da Av. Paulista, no centro de São Paulo, os movimentos que saíram às ruas neste domingo (26/03) tiveram uma adesão bem baixa se comparada aos atos dos dois últimos anos. Na capital paulista e em outras cidades do país, os grupos pouparam o presidente Michel Temer e concentraram as manifestações no apoio à Lava Jato, na rejeição ao voto em lista fechada e no pedido pelo fim do foro privilegiado.
O líder do Vem pra Rua, grupo que concentrou o maior número de pessoas na Paulista, Rogério Chequer, disse a VEJA que o esvaziamento aconteceu porque o pleito era “mais complicado”, a despeito de “estarmos vivendo em um momento tão grave como no impeachment”. Mesmo assim, ele destacou o interesse do público que compareceu em discutir temas menos palatáveis para a maioria da população, como o fim do foro privilegiado, da proposta de lista fechada e da anistia ao caixa dois. “Foi diferente. Não era um assunto binário como antes. É mais complicado. Mas o engajamento foi forte”, disse ele.
Sem um alvo claro, além do ex-presidente Lula, Chequer pontuou que não se ouviu em nenhum discurso nem viu em cartazes o “Fora, Temer”, mote das centrais sindicais e movimentos de esquerda que fecharam a mesma Avenida no último dia 15.

“Tomamos cuidado para que nenhuma crítica escorregasse no Fora Temer. Não viemos aqui pedir o impeachment dele. Isso causaria uma instabilidade muito grande”, disse. Ele afirmou que está esperando a decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as contas da chapa de 2014 para decidir se abraça ou não a campanha do ‘Fora Temer’ – o que, por enquanto, está fora de cogitação. “Aqui é fora políticos que agem para benefício próprio, que não são todos”, completou.
Num dos primeiros atos de 2014, o Vem pra Rua deu palanque para tucanos, como o senador José Serra, cujo nome consta na lista de pedidos de inquérito enviada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Fizemos uma besteira. Mas aprendemos e a partir de 2015 não demos mais espaço a políticos”, disse Chequer. No ato deste domingo, poucos políticos marcaram presença, com exceção do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do deputado Major Olimpio (SD-SP).

MBL

Enquanto o Vem pra Rua foi o último movimento a encerrar o ato, o Brasil Livre foi o primeiro – o grupo desligou o carro de som por volta das 16h30. Com a expectativa de baixa adesão, o MBL planejava se deslocar ao invés de ficar parado na Paulista. Mudaram de ideia por uma orientação da Polícia Militar.
“Está mais vazio porque esse é um ato de alerta aos políticos e não um protesto baseado num momento histórico como o impeachment. Não podemos nos tornar reféns do nosso próprio sucesso”, disse Renan Haas, um dos coordenadores do MBL, referindo-se aos megaprotestos que levaram milhões às ruas de todo o Brasil contra Dilma.