Eduardo Bresciani - O Globo
Na Procuradoria-Geral da BA, Wellington César não levou adiante ações contra o ex-governador
Uma pessoa agradável, que trata bem a todos, recebe a quem pede audiência ou telefona, mas que ao longo de quatro anos como procurador-geral da Bahia atuou como um aliado fiel do então governador Jaques Wagner, sem levar adiante ações que poderiam até custar o mandato do petista. É assim que políticos baianos descrevem o novo ministro da Justiça, Wellington César, indicado para o cargo justamente por Jaques Wagner, atual titular da Casa Civil da Presidência da República.
A própria chegada do novo ministro ao cargo de procurador-geral do estado foi marcada por polêmica. Ele foi apenas o terceiro colocado na eleição realizada para o cargo pela categoria em 2010. Wagner ignorou os dois primeiros, que seriam ligados ao grupo do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e indicou Wellington César.
Nos quatro anos em que ocupou o cargo na Bahia, Wellington César foi muito procurado por parlamentares de oposição que buscavam denunciar supostas irregularidades no governo petista. Numa delas, em 2013, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), então líder da minoria na Assembleia Legislativa, conseguiu um parecer da Secretaria do Tesouro Nacional que levantava dúvidas sobre o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal pela gestão, que estaria usando para outros fins recursos recebidos de convênios internacionais. Segundo os oposicionistas, nada prosperou. O procurador-geral não enviou sequer ao arquivo as acusações, limitando-se a remeter as representações aos órgãos técnicos, de onde nunca saíam.
— A presidente trocou um ministro da sua cota pessoal (José Eduardo Cardozo) por uma pessoa que ela nem conhece e é muito ligada a Jaques Wagner. As oposições na Bahia se queixam de que ele nunca deu andamento às ações. Se ele foi nomeado para prestar serviço ao PT e segurar a Lava-Jato, terá dificuldades, porque essa operação tem uma força-tarefa dedicada e a sociedade está atenta — diz o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
Os petistas, por sua vez, destacam que as credenciais do ministro, especialmente por ser oriundo do MP, lhe darão as condições necessárias para o cargo. Mas ressaltam que desejam ver andar sindicâncias que apuram eventuais desvios de conduta de profissionais da Lava-Jato, como supostos grampos ilegais na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. A esperança petista é que ele consiga ter o mesmo controle sobre a PF que exerceu sobre o MP baiano.