Paulo Whitaker/Reuters | |
Investidores olham painel de cotações na Bolsa brasileira |
O Ibovespa fechou em queda de 2,33% nesta quinta-feira (31), pressionado por realização de lucros e pela cautela de investidores em relação ao cenário político.
No entanto, a Bolsa terminou março com ganho de 16,97% —maior valorização mensal desde outubro de 2002. Também foi a maior alta no mês entre as principais Bolsas globais.
No entanto, a Bolsa terminou março com ganho de 16,97% —maior valorização mensal desde outubro de 2002. Também foi a maior alta no mês entre as principais Bolsas globais.
Já o dólar à vista acumulou queda de 10,25% ante o real neste mês, no maior recuo porcentual desde abril de 2003. Tanto a valorização expressiva das ações brasileiras quanto a do real foram motivadas especialmente pelas expectativas de investidores quanto a uma eventual mudança no comando do governo.
O principal índice da Bolsa paulista terminou a sessão desta quinta-feira aos 50.055,27 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,929 bilhões. A movimentação do governo para oferecer cargos aos partidos da base aliada após a debandada do PMDB e a permanência de ministros peemedebistas contribuíram para as vendas na Bolsa.
"O racha no PMDB e a caneta do governo para distribuir cargos e verbas colocam um sinal amarelo em relação ao impeachment", escreveu o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, em relatório.
Na reta final do pregão, o humor dos investidores piorou com as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que a saída do partido da base do governo foi "precipitada". Além disso, a maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que as investigações sobre o ex-presidente Lula devem ser analisadas pela Corte.
As ações da Petrobras perderam 1,06%, a R$ 8,35 (PN), e 0,65%, a R$ 10,63 (ON). Entretanto, somente em março, as ações preferenciais da estatal tiveram alta de 62% e as ordinárias, de 45%. Os papéis também foram influenciados nesta sessão pela volatilidade dos preços do petróleo na reta final da sessão.
Em Londres, o petróleo Brent ganhou 0,87%, a US$ 39,60 o barril; nos EUA, o WTI perdia 0,39%, a US$ 38,17.
Vale PNA caiu 2,81% (a R$ 11,38) e ON recuou 2,50% (a R$ 15,15), sob influência da queda do preço do minério de ferro na China.
Os papéis do setor financeiro também caíram: Itaú Unibanco PN perdeu 2,86%; Bradesco PN, -3,52%; Bradesco ON, -3,46%; Banco do Brasil ON, -2,46%; Santander unit, -4,23%; e BM&FBovespa ON, -1,91%. Pesou sobre o setor a informação de que o STF considerou constitucional a cobrança de alíquota adicional de 2,5% na folha de pagamentos dos bancos a partir da edição da Emenda Constitucional 20 de 1998.
DÓLAR
A moeda americana à vista fechou em queda de 1,68%, a R$ 3,5638, no menor patamar desde 27 de agosto de 2015 (R$ 3,5450).
Em março, a moeda brasileira teve a segunda maior valorização entre as principais moedas globais, perdendo apenas para o rublo, da Rússia. No acumulado do ano, porém, o real tem o maior ganho (+10%).
O dólar comercial fechou em queda de 0,69%, a R$ 3,5970, acumulando desvalorização de 10,16% em março.
Contribuiu para a queda da moeda americana nesta quinta-feira a fraqueza do dólar perante as demais moedas globais, após a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen, sinalizar, na terça-feira (29), que os juros americanos não deverão subir na próxima reunião da autoridade monetária, em abril.
Além disso, o Banco Central leiloou apenas 2.900 dos 17.000 contratos de swap cambial reverso nesta sessão. A operação equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária. "Os investidores não querem vender dólares via swap, ainda mais com o BC deixando de fazer rolagem [de swap cambial tradicional]", afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor. O swap cambial tradicional corresponde à venda futura de dólares pelo BC.
Pela manhã, o dólar chegou a atingir a mínima de R$ 3,53, em meio à disputa pela formação da Ptax, taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais. Operadores tentam influenciar as cotações da Ptax para torná-las mais favoráveis a suas posições no final do mês. A Ptax do mês fechou em R$ 3,5589.
JUROS
Os juros futuros subiram com a piora das projeções do BC no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado na manhã desta quinta-feira. O contrato de DI para janeiro de 2017 avançou de 13,760% na véspera para 13,885%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 subiu de 13,620% para 13,910%.
Segundo o documento, o BC vê a inflação subindo 6,6% em 2016 e 4,9% em 2017 pelo cenário de referência, ante projeções anteriores de elevação de 6,2% e 4,8%, respectivamente.
"É a primeira vez em que o BC reconhece estouro da meta [de 6,5%] em 2016", destaca a equipe de análise da XP Investimentos. "Embora o presidente da instituição, Alexandre Tombini, tenha recentemente afirmado que acredita na inflação no centro da meta em 2017, o documento divulgado hoje só assegura essa convergência no primeiro trimestre de 2018", acrescenta a XP.
O BC reiterou que não trabalha com a hipótese de flexibilização monetária e que adotará as medidas necessárias para assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas.
EXTERIOR
O movimento também foi de realização de lucros entre as Bolsas globais, que também tiveram altas expressivas em março.
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,18%; o S&P 500, -0,20%; e o Nasdaq, +0,01%.
Na Europa, as Bolsas também encerraram o pregão no terreno negativo: Londres (-0,46%); Paris (-1,34%); Frankfurt (-0,81%); Madri (-1,66%); e Milão (-1,41%).
Na Ásia, as Bolsas fecharam com resultados mistos.