Pedro Ladeira - 16.abr.15/Folhapress | |
Eduardo Cunha e Dilma Rousseff se cumprimentam em evento do Exército, em abril Folha de São Paulo
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou na manhã deste sábado sua conta na rede social Twitter para negar que esteja preparando uma "pauta-bomba" para prejudicar a presidente Dilma.
Ele afirmou ainda que o congresso não tem culpa pela "paralisia da economia, a recessão, os juros elevados e a queda de arrecadação", que atribuiu à "situação de descontrole".
Cunha rompeu publicamente com o governo desde que veio à tona a informação de que o lobista Júlio Camargo o aponta como destinatário de US$ 5 milhões em propina. Cunha diz que o governo está por trás das acusações contra ele na Lava Jato.
Nos bastidores, ele ameaça dar sequência a uma "pauta-bomba" na Câmara, aprovando projetos que representem rombos no já apertado Orçamento federal, e a autorizar o início da tramitação de um pedido de impeachment contra Dilma.
Na rede social, o deputado disse que todos os projetos debatidos na Câmara são da agenda "remanescente do primeiro semestre, acrescida das prestações de contas dos governos anteriores." Em uma série de 14 tuítes em um intervalo de poucos minutos, ele justifica as correções do FGTS e do judiciário e a PEC da advocacia pública.
A declaração seria resposta ao discurso de Dilma aos governadores de todo o país na quinta-feira passada (30), quando pediu ajuda aos chefes nos Estados para evitar a aprovação de possíveis projetos da pauta-bomba no Congresso.
Dilma aproveitou o momento para dizer que "assumiu" o desgaste de vetar algumas medidas de "grave impacto" nas contas públicas, citando o reajuste do salário dos servidores do Judiciário elencado neste sábado por Cunha.
O peemedebista alegou ainda que tem "consciência do momento de crise econômica" e que sempre se pautou contra medidas que aumentem gastos públicos. Ele aproveita ainda para criticar o governo de Dilma, dizendo que poderia ter reduzido gastos com corte de cargos de confiança.
DENÚNCIA DE PROPINA
Cunha também aproveitou a conta na rede social para anunciar que vai pedira interpelação judicial da advogada criminalista Beatriz Catta Preta.
Responsável por nove acordos de delação premiada de réus na Operação Lava Jato, a advogada fechou seu escritório e abandonou processos da Operação Lava Jato. Em entrevista à TV Globo na última quinta-feira (30), ela afirmou que tomou essa atitude porque se sentiu ameaçada por integrantes da CPI.
"Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela minha segurança e dos meus filhos, decidi encerrar minha carreira", afirmou Catta Preta.
Segundo ela, a pressão aumentou após um de seus clientes, o lobista Julio Camargo, mencionar em depoimento que pagou US$ 5 milhões em propina a Cunha.
Na rede social, Cunha disse que a acusação de Catta Preta "atinge a Câmara como um todo" e que ela deve "ser responsabilizada por isso". O deputado diz ainda que a interpelação servirá para que ela detalhe as ameaças que sofreu e quem está por trás delas.
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