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Marina participa de debate promovido pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil - Felipe Cotrim/VEJA
Penitência – Jornalistas que tentavam cobrir o debate entre os presidenciáveis acabaram ‘enclausurados’ em um cercadinho do lado de fora do estúdio da TV Aparecida. A situação impedia o acesso da imprensa aos candidatos – jornalistas tinham de gritar em coro para convencê-los a se aproximar da barreira. Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) foram as únicas que não atenderam aos gritos e passaram batido.
Os verdes – Na vez de Marina Silva, os jornalistas tentaram convencê-la a se aproximar: “Vem para a grama, Marina, vem para o verde”, gritaram alguns. A área destinada à imprensa ficava sobre um gramado.
Voz fraca - Rouca, Marina não quis falar com a imprensa quando chegou. Já a caminho da sala destinada a receber os candidatos, fez um gesto com as mãos de que falaria depois. E cumpriu o prometido.
A força do anel - Marina tem por hábito mexer na aliança quando tem de discursar e, principalmente, falar sobre temas espinhosos. Logo no início do debate, a candidata do PSB manipulava nervosamente o anel que simboliza sua união com Fábio Vaz, técnico agrícola, com quem é casada desde 1986.
Virgem – Uma das explicações para a falta de acesso à imprensa aos candidatos foi a inexperiência da TV Aparecida em promover debate entre presidenciáveis. “Foi para garantir que tudo desse certo”, afirmou um integrante da organização.
Acordo - Segundo a assessoria de imprensa da CNBB, a ausência de jornalistas na plateia foi condição imposta por dirigentes de algumas campanhas para aceitar participar do debate. A entidade não informou quais partidos fizeram o pedido.
Quente x frio – Enquanto o debate entre os candidatos foi bastante monótono em frente às câmeras, com poucos confrontos diretos entre os principais presidenciáveis, os bastidores foram agitados. Uma jornalista que tentava ter acesso ao estúdio foi barrada por seguranças da Presidência e chegou a ter o braço ferido. Profissionais de imagem puderam ficar apenas 15 minutos próximos aos candidatos e registrar poucas imagens.
Ginástica olímpica – O candidato do PSDB, Aécio Neves, comentou o fato de ter perdido o segundo lugar na corrida eleitoral. “A campanha eleitoral deu uma cambalhota depois da morte de Eduardo Campos”, disse em referência ao trágico acidente que vitimou o candidato do PSB e outros seis membros de sua equipe.
Gravata da discórdia – O tucano parece ter errado na escolha do figurino e escolheu uma gravata vermelha para participar do debate. A cor, em geral, é associada ao PT.
Bandeira branca – Principais oponentes nessas eleições, Marina Silva e Dilma Rousseff vestiram branco para participar do debate na CNBB. No caso da candidata do PSB, o uso de roupas em tons claros tem sido a orientação de pessoas próximas para suavizar sua imagem. Marina tem sido proibida de usar preto.
Entre nós - Ao contrário dos demais debates, o da CNBB foi marcado pelo confronto direto entre Dilma e Aécio. Se o formato obrigou Marina a debater com Levy Fidelix, a petista e o tucano protagonizaram o momento mais tenso da noite ao falar de corrupção - que incluiu pedidos de direito de resposta.
O falante – Diante dos apelos da imprensa, Aécio Neves concedeu duas entrevistas coletivas aos jornalistas. Apostando na “onda da razão”, aparentava alívio diante de uma nova pesquisa de intenção de voto que indica que cresceu quatro pontos na preferência do eleitorado.
Reforma política – Eduardo Jorge, candidato à Presidência pelo PV, disse que recebeu uma proposta de reforma política de Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “Não concordamos que as empresas financiem as campanhas eleitorais”, disse o candidato.
Ataque ao marketing – Luciana Genro, candidata do PSOL à Presidência, agradeceu à sua moda o convite para participar do debate. “O debate é um recurso mais autêntico e não protegido por marqueteiros como na propaganda eleitoral.”
Entendeu? – O candidato Eymael (PSDC) também agradeceu o convite da CNBB e se disse injustiçado por ter sido excluído de dois debates anteriores. “Vim aqui dizer quem é o Eymael e o que eu fiz pelo Brasil”. Ao ser questionado sobre o que realmente fez pelo país, o candidato respondeu: “Ajudei a construir uma sociedade livre e justa e fazer do Brasil uma República Federativa.”
Metralhadora – Alvo de uma liminar concedida pela Justiça Eleitoral a pedido da campanha de Dilma Rousseff, que suspendeu os programas eleitorais que atrelavam o governo do PT ao escândalo do mensalão, Pastor Everaldo (PSC) repetiu o discurso vetado. “O povo brasileiro não aguenta mais corrupção, estamos diante de um mensalão 2”.
Líder isolado – Presidente nacional do PT e um dos chefes da campanha de Dilma Rousseff, Rui Falcão ficou sem saber o que fazer na espera pela presidente na entrada do debate. Após conceder entrevista coletiva, e sem intimidade com bispos e padres, que faziam as honras na recepção, se manteve com as mãos nos bolso e isolado em um canto.
É por ali – A comitiva de Dilma Rousseff errou a entrada na Basílica de Aparecida e precisou dar uma volta. Dilma foi a última a chegar, faltando dez minutos para o início do debate.
Militância abraçada – Ao final do debate, Dilma Rousseff saiu do carro e fez questão de abraçar a militância do PT que a aguardava já de madrugada. (Bruna Fasano, Mariana Zylberkan e Andressa Lelli, de Aparecida)