Escândalo da Vaza Toga 3, revelado por Oeste, mostra que assessores de Moraes comemoraram a vitória de Lula no último pleito presidencial
Não se deve mais falar em “Justiça Eleitoral”. O que se instalou no Brasil, sobretudo a partir da eleição de 2022, foi a injustiça eleitoreira, pelas mãos de um partido-corte que rasgou a Constituição em nome de uma cruzada ideológica. A recente revelação da Oeste de que o gabinete do ódio de Alexandre de Moraes comemorou a vitória de Lula não surpreende ninguém, mas confirma, com a força do documento, aquilo que já era perceptível a olho nu: a Corte que deveria garantir a lisura do pleito tornou-se parte interessada no resultado.
É o que se chama, em linguagem técnica, de escárnio institucional. Pois não se tratava de magistrados neutros, mas de militantes togados que, como confessou em momento de rara sinceridade Luís Roberto Barroso, o Voltaire de Vassouras, tinham uma missão política: “derrotar o bolsonarismo”. Não é irrelevante que a frase tenha sido proferida num evento político-partidário. O gesto vale mais que mil acórdãos: ali não se estava mais diante de um juiz, mas de um cabo eleitoral fantasiado como tal.
Por óbvio, uma eleição assim conduzida não pode ser considerada legítima. Se a instância encarregada de arbitrar a disputa se imiscui no jogo como parte ativa, o que tivemos não foi eleição, mas homologação judicial de uma preferência ideológica. Daí a perplexidade dos pseudo-democratas, os quais exigem que metade do país reconheça como legítimo um governo parido por tamanho vício de origem.
O discurso oficial para mascarar o golpe foi o da “luta contra a desinformação”. Mas eis o paradoxo: em nome de combater notícias falsas, a Corte se arrogou o direito de censurar, perseguir e intervir na esfera pública, enquanto, nos bastidores, atuava em sincronia com a candidatura de sua predileção — esta, sim, erguida sobre mentiras. O nome disso, em qualquer manual de ciência política, é fraude institucionalizada.
Por que a eleição de 2022 foi uma farsa
Ora, democracia supõe a confiança de todos os jogadores na neutralidade das regras e dos árbitros. Sem isso, o jogo degenera em farsa. Imagine-se uma final de Copa do Mundo em que o juiz, em plena entrevista coletiva, anuncia: O resultado é o que se vê: um governo que nasceu ilegítimo, não apenas pelo repúdio de metade da população, mas sobretudo pela deformidade de origem de sua eleição. Um governo gerado no ventre de uma toga militante, embalado pela censura, sustentado pela repressão e legitimado por uma imprensa cúmplice.
O Brasil de 2022 inaugurou uma inovação sinistra no repertório das ditas democracias ocidentais: a eleição decidida antes do voto, nas mãos dos guardiões que deveriam apenas contá-lo. O que se homologou nas urnas foi a preferência ideológica de ministros que já haviam anunciado de antemão o inimigo a ser abatido. Já basta, portanto, de eufemismos. O que temos hoje em Brasília não é um presidente eleito, mas um mandatário designado pela toga. Seu poder não emana do povo, mas da farsa institucional que substituiu o sufrágio pelo arbítrio.
E, como toda mentira política, essa também cobra seu preço: a erosão da confiança pública, a corrosão da legitimidade democrática e o aviltamento da nação aos olhos do mundo. “Estou aqui para derrotar a Argentina”. Que legitimidade teria a vitória subsequente do adversário? Pois foi exatamente isso que aconteceu em 2022, só que em escala infinitamente mais grave, porque o que estava em jogo não era um troféu dourado, mas a própria soberania popular.
Flávio Gordon - Revista Oeste