sábado, 22 de fevereiro de 2025

J.R. Guzzo - Lula, Moraes e PGR negam as leis para adotar a pura e simples crueldade

 

 (Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)


O presidente Lula, aproveitando o clima geral de linchamento insuflado pela denúncia criminal da PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, julgou que o momento era adequado para atirar de novo na anistia. Lula dificilmente perde uma oportunidade para bater nos feridos, chutar quem está caído no chão e crescer para cima dos que não podem se defender. É questão do seu caráter pessoal; não consegue evitar.

Lula achou uma boa ideia, com a PGR, o STF e a parte estatizada da mídia babando na gravata, ficar valente com os pobres coitados que estão presos por conta da baderna do 8 de janeiro. É o tipo de gente em quem o presidente adora bater: 100% deles, sem uma única exceção, são pobres coitados estruturais que não oferecem risco a ninguém, nem vão oferecer nunca.


A verdade, naturalmente, é que os condenados de Alexandre de Moraes não podem ser anistiados porque não cometeram o crime de golpe de Estado, muito menos somado à abolição violenta do Estado de Direito


Na sua ânsia de chutar cachorro morto, Lula parece não ter se lembrado do que já disse contra a anistia – e repetiu a mesma estupidez dita na última vez em que tocou no assunto. O cidadão, segundo ele, não tem o direito de pedir anistia “antes de ser condenado”. Nem depois, é claro – a grande causa do seu governo, justamente, é gritar o tempo todo “Sem Anistia”, antes, durante e em qualquer circunstância.

Mas, além da mentira de propósitos, há o fato de que a afirmação de Lula não faz nexo lógico. Muito bem. Quer dizer que só depois de condenado o sujeito pode se candidatar à anistia? Então podem pedir anistia, imediatamente, os 370 brasileiros que o STF já condenou pelo Golpe dos Estilingues, e que já estão cumprindo pena em seus cárceres.

A verdade, naturalmente, é que os condenados de Alexandre de Moraes não podem ser anistiados porque não cometeram o crime de golpe de Estado, muito menos somado à “abolição violenta do Estado de Direito” – como se fosse possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Mas apresentar essa realidade é uma blasfêmia para a teologia oficial do regime. Não se pode falar nisso, simplesmente – da mesma maneira como um cristão não pode dizer que Deus não existe. Houve golpe, sim, e se houve golpe houve golpistas, e se houve golpistas houve necessidade de enfiar toda essa gente na cadeia. E tem mais: se você achar que pode não ter sido exatamente assim, ou nem um pouco assim, você é golpista também.

O Brasil de Lula, do ministro Moraes e da PGR, mais o seu sistema de apoio, demonstram como é fácil para os regimes políticos cruzarem a fronteira que separa o desrespeito sustentado às leis da pura e simples crueldade. Pela mesma porta que sai a legalidade, entra correndo a psicose.






J.R. Guzzo - Gazeta do Povo