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Os esquerdistas formaram uma casta de privilegiados, enquanto chutam a escada para que os mais pobres não consigam subir ao mesmo andar
Amarca registrada da esquerda é a hipocrisia. O típico esquerdista adora sinalizar falsa virtude, viver de uma forma luxuosa enquanto faz de tudo para impedir o avanço do povo na mesma direção. Tratei do fenômeno em detalhes no meu Esquerda Caviar, que precisa de uma atualização urgente. Mas vale frisar a essência da coisa: os esquerdistas formaram uma casta de privilegiados, enquanto chutam a escada para que os mais pobres não consigam subir ao mesmo andar.
Para ilustrar isso, vou utilizar um caso aqui dos Estados Unidos, que não teve muita repercussão, mas mostra bem a mentalidade dessa gente. O governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, declarou “estado de emergência” na região. Alguém poderia pensar que o Estado foi abatido por uma terrível catástrofe natural, ou quem sabe algum ato terrorista envolvendo crianças como alvos. Mas não foi nada disso. A Assembleia Geral, eleita pelo povo, votou para permitir o uso de voucher nas escolas estaduais.
A maioria conservadora da Câmara e do Senado no Estado tem permitido vitórias importantes para os republicanos, como a defesa do direito de portar armas e mudanças na lei de aborto, para dificultar o assassinato de bebês no ventre materno. Mas o que realmente tirou o governador democrata do sério foi a aprovação do voucher, uma espécie de vale-educação que permite a escolha dos pais mais pobres, podendo colocar seus filhos em escolas particulares também.
O governador aponta problemas significativos que estão “visando a sufocar a vida da educação pública”. Para a esquerda, tudo começa nas escolas. A doutrinação ideológica é uma de suas armas mais poderosas, assim como o controle quase total dos sindicatos de professores. Há todo um esquema financeiro montado com base nisso, assim como o fator ideológico, crucial para o avanço do esquerdismo na guerra cultural.
“Não há ordem executiva como há para um furacão ou uma pandemia”, disse Cooper, “mas isso não é menos importante”. Sim, para o governador democrata, dar a possibilidade de escolha aos pais mais pobres é como um furacão que passa destruindo tudo pela frente. O que Cooper desejava era um aumento bem maior do salário dos professores, na faixa dos 20%, e não um projeto que permite aos pais mais pobres fugir de um sistema ineficiente e incapaz de preparar seus filhos para competir no mercado.
Em sua fala contundente, convocando os eleitores a pressionar os legisladores, o governador disse que não se pode dar mais poder para as escolas privadas “sem transparência”. O senador Thom Tillis rebateu: “Bolsas de estudo abriram portas para milhares de crianças na Carolina do Norte receberem uma educação de alta qualidade. As famílias merecem ter mais liberdade, não mais medo e mandatos de políticos esquerdistas movidos por interesses especiais”.
Mas Cooper parece irredutível, e chegou a mencionar que a guerra cultural promovida pela direita (falso) acabaria colocando políticos no comando dos currículos escolares, com microgerenciamento do que pode ser dito ou não em sala, mirando alunos LGBTQ+. Aqui ele revela um dos reais objetivos de impedir as mudanças aprovadas: como a esquerda vai enfiar baboseira ideológica, política identitária e “teoria crítica racial” na cabeça dos jovens, sem o comando total das escolas públicas?
São muitos interesses em jogo, muito dinheiro e poder. E nada disso seria possível sem a elite culpada e alienada que precisa “expiar seus pecados” sinalizando falsas virtudes
“A Carolina do Norte que conheço foi construída com o apoio de escolas públicas”, disse ele. “Não podemos deixar que a legislatura as derrube.” O governador democrata está mesmo revoltado com a escolha dos representantes eleitos do povo, que por sua vez concede mais poder de escolha aos pais dos alunos. O governador de esquerda parece um fã incondicional das escolas públicas. Só há um pequeno detalhe, ocultado até aqui: os filhos do governador estudam… em escolas particulares!
Como é doce a vida hipócrita da esquerda! Tem até cantor brasileiro bobão que diz que socialismo não é condenar o luxo, e sim pregar o luxo para todos. Esquerdismo é uma mistura de estupidez com canalhice, pois não é possível alguém inteligente e honesto repetir tais coisas. Na prática, o esquerdista quer viver como um nababo, muitas vezes com recursos públicos, enquanto demoniza os ricos e prega “igualdade” para todos, de dentro de sua bolha confortável. Escola pública ruim para os pobres, e escola particular para os meus filhos! Quem quer conhecer melhor o grau de ocupação das escolas públicas pela patrulha woke nos Estados Unidos precisa ler Parents of the World, Unite!, de Ian Prior, em que ele expõe a agenda da esquerda radical que tomou de assalto essas instituições. São muitos interesses em jogo, muito dinheiro e poder. E nada disso seria possível sem a elite culpada e alienada que precisa “expiar seus pecados” sinalizando falsas virtudes. São esses, normalmente brancos e ricos, que ficam sensibilizados com os apelos hipócritas de gente como o governador Cooper.
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Revista Oeste