quarta-feira, 14 de abril de 2021

Prosperidade da China não é sustentável, afirma o economista James Robinson

O autor de “Por que as nações fracassam?” participou da 34ª edição do Fórum da Liberdade


Último painel do 34º Fórum da Liberdade trouxe o economista James Robinson e o jornalista William Waack
Último painel do 34º Fórum da Liberdade trouxe o economista James Robinson e o jornalista William Waack | Foto: Marcos Nagelstein/Agência Preview/Divulgação

O Fórum da Liberdade, evento online produzido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), ocorreu entre os dias 12 e 13 de abril, e trouxe para seu último painel, o economista James Robinson, um dos mais prestigiados especialistas em Economia Política e História Econômica, autor de Por que As Nações Fracassam?, e o jornalista William Waack, que conduziu a entrevista.

Robinson, que é coautor de The Narrow Corridor, junto com Daron Acemoglu, apresentou uma análise sobre os impactos do poder do Estado e da sociedade. Citou nações como China e Rússia, nas quais o poder do Estado sobre as pessoas é maior, e a situação do Iêmen, lugar onde a sociedade domina o Estado. A conclusão do autor é de que é necessário um equilíbrio entre os modelos para produzir um Estado forte com uma sociedade forte. “É um balanço, você tem que equilibrar o poder da sociedade e o do Estado”, observa o economista, que defende a ideia de que, quanto maior a liberdade de uma nação, mais forte é sua democracia. A liberdade também seria necessária para o sucesso de uma nação.

Prosperidade na China. Até quando?

Indagado sobre o que explica o sucesso econômico da China, um país que não garante liberdade à sua população, o economista argumentou que é possível que governos autoritários criem períodos de prosperidade — como foi o caso da Rússia, entre os anos 1950 e 1970 —, mas que este sucesso tende a não ser duradouro.

A autocracia da China nunca será consistente com a manutenção de liberdade econômica ou com liberdade

“O que leva prosperidade é inovação, criatividade, novas ideias, novos produtos, novos modos de fazer, de se construir as coisas. Para ter uma sociedade próspera, você precisa da criatividade e a inovação coletivas, e os talentos. As pessoas precisam ter liberdade para seguir suas ideias, seus sonhos, paixões e projetos. Elas precisam estar protegidas e precisam acreditar que poderão usufruir dos frutos de sua inventividade e criatividade. E o que a História mundial coloca é que isso é impossível de se conseguir sem garantias políticas básicas. Você não consegue jurisprudência, segurança jurídica, direito de propriedade, se você é regrado pelos desejos de um ditador. Isso vem da dura construção de instituições e de criar um contexto de liberdade”, afirmou Robinson.

“Há muitos booms como estes na História, mas isto não é sustentável. A China pode ir muito bem ao pegar tecnologias emprestadas, roubando as ideias das pessoas, não respeitando o direito internacional à propriedade ou tirando vantagem do mundo globalizado com salários baixos. E eles foram incrivelmente bem, mas como você sustenta isso? A autocracia da China nunca será consistente com a manutenção de liberdade econômica ou com liberdade. E não será consistente com uma economia genuinamente inovadora e próspera. Veja o que aconteceu com Jack Ma [criador do e-commerce Alibaba]. Se você critica o partido comunista, acabou. Eles vão acabar com a sua empresa. Isso não condiz com uma bem-sucedida potência econômica capitalista”, afirmou.

Raquel Hoshino, Revista Oeste