sexta-feira, 30 de abril de 2021

"O Escândalo do passaporte sanitário", por Guilherme Fiuza

Qual foi a alquimia moral que sumiu com o princípio da proteção aos vulneráveis e veio disseminar esse plano totalitário de passaporte de vacinação? 




Vocês resolveram pular as dúvidas sobre as vacinas? Elas são ótimas e fim de papo? Ok. Vocês são maiores e vacinados, devem saber o que estão fazendo. Mas por que estão tentando obrigar todo mundo a ter a fé cega de vocês? Não era ciência? Tudo bem. Só que aproveitar o nevoeiro para criar um mundo exclusivo para vacinados foi longe demais. Esse passaporte sanitário e arbitrariedades correlatas constituem o maior escândalo ético do século.

No Brasil, a autoridade sanitária vetou a importação de uma vacina por falta de estudos suficientes inclusive sobre efeitos adversos — ou seja, por falta de segurança para a saúde dos brasileiros. Mas já tinha ministro da Suprema Corte dando prazo fatal para autorizar a importação sem o aval da autoridade sanitária, isto é, na marra. E vocês acham que está tudo normal nesse ambiente.

Esse mesmo tribunal deu autorização prévia para governadores decretarem obrigatoriedade de vacinação — sem nem dizer com que vacina. Tudo normal. Governadores estes que em vários casos tiveram suas ações na pandemia investigadas pela polícia, com casos comprovados de desvios de verbas emergenciais; governadores que fizeram lockdown desvairado com toque de recolher ditatorial e vista grossa para aglomeração nos transportes — portanto perfeitamente habilitados para decidir e impor critérios de vacinação compulsória de todo mundo… Repetindo: vocês estão achando tudo normal.

A vacina cuja importação a autoridade sanitária não autorizou no Brasil é a mesma aplicada em larga escala na Argentina, país com péssimo desempenho no enfrentamento da pandemia. Mas é proibido cruzar suposta imunização com aumento de casos e óbitos. Isso não é uma insinuação. É uma dúvida. Quando vocês resolverem trocar a fé pela ciência a gente volta a tentar fazer pesquisa e catalogar dados sobre a experiência real. Por enquanto fica valendo a certeza mística: vacina salva.

Não salvou o presidente da Argentina. Ele pegou covid depois de vacinado. Claro que os corregedores da fé já estão gritando: é exceção! Ele está no porcentual minoritário! Ok, aquele porcentual minoritário fixado com uns seis meses de estudos — quando até então o prazo mínimo para fixar a eficácia média de uma vacina tinha sido de quatro anos. Já que desta vez começaram a injetar na população com menos de um ano de desenvolvimento, não seria o caso de cotejar a projeção com a prática, buscando maior rigor estatístico? Não. Valem aqueles porcentuais fixados em seis meses e fim de papo.

O que aconteceu com o Chile? De novo: isso não é uma insinuação disfarçada de pergunta. É só uma pergunta. O que aconteceu com o Chile? De repente passou a se destacar como um dos piores quadros de agravamento da pandemia no continente, exatamente no momento em que se tornava um dos mais vacinados. Teremos cruzamento de dados, pesquisa, ensaios estatísticos e formação de hipóteses ou só gritaria de que isso não tem nada a ver com a vacinação porque a vacina é ótima? A mesmíssima pergunta (repetindo: pergunta) pode ser feita em relação ao que se passa no Uruguai. Ou não pode? Quando pergunta vira blasfêmia tem perigo no ar (além do vírus).

Ainda é permitido perguntar por que o Estado do Texas, que não está entre os mais vacinados dos EUA, tem tido os melhores resultados no declínio de casos e óbitos por covid? Tendo inclusive acabado com boa parte das restrições ao funcionamento da sociedade? E a Suécia? Já dá cadeia falar da Suécia? Se ainda não dá, vale a mesma pergunta: por que com um porcentual de vacinação muito inferior ao do Reino Unido — e sem lockdown — os suecos mantiveram na segunda onda índices de óbitos por milhão inferiores aos dos britânicos, com as curvas mantendo a mesma proporção de antes da vacinação?

Vejamos o que acontecerá com os gênios do cartão existencial Corona Golden

Vamos interromper rapidamente as perguntas para fazer uma afirmação: com a quantidade de dúvidas e aferições inconclusas sobre as vacinas e seus reais efeitos sobre a população, quem advoga obrigatoriedade universal de vacinação contra covid-19 é suspeito.

E mais: nem a taxa de letalidade [ver John Ioannidis, Stanford] nem o universo dos grupos mais vulneráveis indicam a necessidade de vacinação de toda a população. Qual foi a alquimia moral que sumiu com o princípio da proteção aos vulneráveis e veio disseminar esse plano totalitário de passaporte sanitário? Que sanha é essa de criar um mundo exclusivo para vacinados — sem nem um panfleto estudantil, muito menos um estudo científico fundamentando esse cabresto mal disfarçado como medida imprescindível de segurança sanitária?

As iniciativas suspeitas sobre vacinação universal compulsória proliferam. Em São Paulo o Legislativo aprovou um projeto que inclui até escolas — onde todos os dados apontam risco baixo — nas atividades que passariam a requerer obrigatoriamente cartão de vacinação contra covid, no caso para crianças e adolescentes! Isso não é uma controvérsia. É um escândalo.

Os mortais que ainda não aderiram à seita da picada redentora continuam aguardando os estudos que faltam sobre a eficácia e a segurança das vacinas para idosos e pacientes com comorbidades, conforme assinalado no laudo da autoridade sanitária brasileira. Teria essa insuficiência de estudos alguma coisa a ver com as reações adversas relatadas ou os óbitos após a vacinação? Como vão os estudos sobre os efeitos identificados de coagulação e trombose, que levaram vários países a suspender o imunizante que gerou esse problema? Vacinar quem já teve covid sem sintomas pode acarretar danos ao organismo, conforme alertado por médicos respeitáveis? Esse monitoramento do sistema imunológico está sendo feito pelos vacinadores?

E já que o mundo resolveu desenvolver a vacina diretamente na população, onde está a tabulação dos efeitos adversos relatados em quatro meses de vacinação no mundo? Os dados do CDC, o centro de controle de doenças dos Estados Unidos — com seu rigoroso sistema de catálogo dos efeitos colaterais das vacinas —, serão usados para ajudar a sociedade a entender o que exatamente está acontecendo com quem se vacina, e em que proporção? Ou ciência agora é só o que sai do gogó do dr. Fauci, o showman da pandemia?

Virologistas renomados levantaram a questão dos riscos de vacinação em massa em plena pandemia, pelo potencial de criação de variantes mais infecciosas. O período de vacinação coincidiu com o surgimento de variantes mais infecciosas. Isso está sendo estudado? Ou você acha que não precisa de estudo — basta gritar que “não tem nada a ver uma coisa com a outra”? Se o postulado acima está errado, ele não deveria ser refutado com ciência? Ou refutação agora se faz com grito e censura?

Vamos repetir: esse lobby da vacinação obrigatória contra covid é o maior escândalo ético do século. E os que estão em silêncio diante desse projeto obscurantista são cúmplices dele.

Os crimes contra a humanidade nessa pandemia haverão de ser julgados. Vejamos o que acontecerá com os gênios do cartão existencial Corona Golden. Só as vítimas poderão salvá-los — basta optarem pelo plano platinum de servidão voluntária. Esse é para a vida inteira.

Gazeta do Povo