segunda-feira, 19 de abril de 2021

Prefeito de Belo Horizonte, Kalil isenta ônibus lotados e culpa faxineiras por casos de vírus chinês, escreve Ricardo Kertzman

 

Alexandre Kalil, - foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 


Bem ao estilo ''cabra-macho'' que lhe é peculiar, talvez na tentativa de intimidar quem lhe cerca, como fazem alguns bichos quando arreganham os dentes, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (19/4), se rendeu à pressão pela reabertura da cidade, não sem antes desfilar uma série de comentários confusos e truncados, e distribuir culpas e recadinhos dissimulados.


Para não trombar com os empresários do transporte coletivo aliás, e a caixa-preta da BhTrans, hein, prefeito?, Kalil atirou no lombo de faxineiras e diaristas a responsabilidade pela disseminação do coronavírus, e não aos ônibus lotados. Disse que estudos apontam neste sentido. Serão os mesmos estudos que embasaram o fechamento da cidade com índices inferiores aos do presente? Faça-nos o favor. 


Misturando alhos com bugalhos, o prefeito falou em 2ª guerra mundial, em desembarque na Normandia e nos gatinhos 'raivosos' do Parque Municipal. Falou também dos moradores de rua e coleta de lixo, sempre isentando a si mesmo e a prefeitura de qualquer erro no visível caos urbano em que se encontra Belo Horizonte. Não dá para mover os mendigos nem dá para limpar o xixi nas calçadas, foi o que deu a entender.

Quando perguntado sobre a possibilidade de conversar com o presidente da República, obviamente numa alusão à sua condição de prefeito da capital do segundo estado mais importante da federação, Kalil se mostrou inaceitavelmente humilde, inferior: “se nem o governador de São Paulo consegue, eu é que vou conseguir?”. Bem, se vai ou não dobrar a ignorância do verdugo do Planalto, é uma coisa. Deixar de se impor, é outra.

Como não poderia ser diferente, sobrou também para a imprensa, que ''ó mostra as coisas feias'' Kalil, como todo populista sem grandes recursos intelectuais e verbais, na falta de argumentos para contrapor as críticas, culpa o mensageiro pelas más notícias. Ora, prefeito, a cidade está, sim, emporcalhada, degradada e abandonada à própria sorte. E já vinha assim bem antes da pandemia, inclusive.

Sobre o vírus chinês, restou clara a incapacidade de Ciro Gomes, ops!, de Alexandre Kalil assumir que não é possível, ainda que necessário, manter a cidade fechada por mais tempo. Não adianta não morrer de COVID e morrer de fome! Essa maldita doença exige equilíbrio entre restrições e abertura. Ninguém, em sã consciência,  e o prefeito vem se mostrando bastante consciente neste caso, deseja pilhas de mortos ou de falidos e desempregados.

Estado de Minas