segunda-feira, 19 de abril de 2021

Com maior pista do Sul, aeroporto de Foz vira player de peso na logística aérea

 

Aeroporto de Foz do Iguaçu, um dos ativos leiloados no início do mês| Foto: Kiko Sierich/Arquivo/Gazeta do Povo


Depois de ter inaugurado a nova pista de pousos e decolagens neste mês, o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas passa às mãos da iniciativa privada. A transferência da Infraero para o Grupo CCR, que arrematou o Bloco Sul dos aeroportos leiloados no último dia 7, trará um novo aporte de investimentos em ampliações e melhorias. A concessionária, que assume o aeroporto pelos próximos 30 anos, investirá R$ 512 milhões.

Entre as principais obras estão a construção de mais uma pista, de 3 mil metros, a ampliação do terminal de passageiros, a reforma e ampliação do pátio de aeronaves, a reconstrução do estacionamento de veículos e do sistema viário de acesso e a implantação de novas pontes de embarque.

Com a construção da nova pista, a atual passará a ser destinada exclusivamente ao taxiamento. Hoje, ela é usada para os dois fins. Dessa forma, não pode haver pousos e decolagens enquanto uma aeronave está taxiando, o que acaba tomando mais tempo para os procedimentos. Com duas pistas, uma para cada finalidade, as operações serão mais ágeis, o que contribui para viabilizar mais voos.

De acordo com o estudo de viabilidade, que consta do edital, em 2018 o aeroporto de Foz registrou uma movimentação de 20.512 aeronaves. A projeção para 2050 é de 68.899. O número de passageiros, que em 2018 foi de 2,28 milhões, deve chegar a 7 milhões até o final da concessão.

Aeroporto de Foz é lucrativo e tem perspectiva de crescimento de receita

O Cataratas é lucrativo. A receita em 2018 foi de R$ 53 milhões, com margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de 35%. De acordo com a análise econômico-financeira, entre 2023 e 2050, as receitas crescerão a uma taxa média de 4,6% ao ano. Haverá um aumento da participação das receitas não tarifárias (resultantes da exploração dos espaços e de serviços como locação de veículos, estacionamento, serviços de alimentação, entre outros), que passarão dos atuais 25% para 29%, conforme a estimativa.

Essa projeção de aumento da participação vem da expectativa com a renegociação dos contratos de exploração dos espaços no aeroporto.

Investir no transporte de cargas também é importante

O industrial Rainer Zielasko, presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), que atua com iniciativas pelo desenvolvimento regional, disse que há uma expectativa de aproximação do Grupo CCR com a comunidade local para uma discussão conjunta sobre as intervenções no aeroporto. “Há muitas demandas e esperamos essa proximidade para podermos fazer um trabalho conjunto”, pontuou.

Zielasko reconhece que o forte do aeroporto de Foz é o turismo, mas defende também o investimento no transporte de carga. “É claro que a vocação da região é o turismo, mas investir também em carga pode trazer um diferencial, promovendo uma integração com os outros modais e dotando o interior do Paraná de uma infraestrutura adequada”, observou. “Estamos longe dos grandes centros consumidores e do porto e precisamos dar vazão a tudo o que produzimos aqui. Por isso, precisamos da expansão do aeroporto, de uma ferrovia nova e de mais investimentos em estradas”, frisou.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (Acifi), Faisal Ismail, atribui, em parte, à recém inaugurada pista, o ágio pago pela concessionária pelo Bloco Sul. O Grupo CCR arrematou o bloco, composto por nove aeroportos, por R$ 2,128 bilhões, 1.534% a mais que o valor de referência, fixado em R$ 130,2 milhões. “A nova pista valorizou o aeroporto” disse.

Para o líder empresarial, com mais uma pista que será construída e as outras melhorias, abrem-se perspectivas de mais voos e também de ampliar o transporte de carga pelo terminal, beneficiando todo o Paraná.


Elvira Fantin, Gazeta do Povo