quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Brasil negocia acordo de livre-comércio com a China, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta, 13, que o Brasil conversou com a China sobre a possibilidade de estabelecimento de uma área de livre-comércio entre os países. Sem entrar em detalhes sobre o assunto, Guedes afirmou que o objetivo do Brasil é ampliar as trocas comerciais com o país asiático, ainda que isso signifique uma redução do superávit comercial do Brasil com o parceiro.
“Não me incomodo se nossa balança (comercial) com a China se equilibrar lá na frente”, afirmou Guedes, durante evento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como o “Banco dos Brics”, promovido em Brasília em ocasião da 11.ª Cúpula do Brics. “O que queremos é mais comércio com a China.”
Paulo Guedes
Em encontro bilateral com a China, Paulo Guedes confirmou a negociação
de um acordo comercial com o país da Ásia Foto: Gabriela Biló/Estadão

Após discursar no evento, Guedes foi questionado por jornalistas sobre como estão as discussões para uma área de livre-comércio com a China. O ministro novamente não entrou em detalhes.
“O governo Bolsonaro chegou com a decisão de buscar o caminho da prosperidade. A integração ao comércio global é um dos caminhos para a prosperidade”, disse. “Entramos no Mercosul e dissemos: ‘queremos continuar nos integrando’. Entramos para a União Europeia e dissemos: ‘queremos continuar nos integrando’. Agora, estamos conversando com os Brics, com o mesmo discurso: ‘queremos continuar nos integrando’.”
O ministro afirmou, porém, que a conversa com a China tem sido sobre como aumentar a cooperação em diferentes dimensões. Em primeiro, na dimensão de comércio. "O fluxo de comércio do Brasil com a China era de US$ 2 bilhões mais ou menos na virada do século. Hoje estamos negociando US$ 100 bilhões”, citou. De acordo com Guedes, a China é o mais importante parceiro comercial do Brasil. “Estamos conversando exatamente como podemos aumentar este grau de cooperação.”
De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou R$ 21,5 bilhões a mais do que importou da China, segundo o Ministério da Economia. Os chineses respondem por 27,8% das exportações e 20% das importações, o primeiro país tanto nas vendas como nas compras.
No fim de julho, o Brasil iniciou oficialmente as negociações para o fechamento de um acordo comercial com os Estados Unidos, após o Mercosul ter fechado, semanas antes, um acordo de livre comércio com a União Europeia.
 

PARA ENTENDER

Após 10 anos, Brics vive dilema: como continuar relevante?

Surgido para fazer frente à predominância geopolítica dos Estados Unidos, o futuro do grupo que reúne China, Índia, Rússia, África do Sul e Brasil está em debate.



Integração

Para Guedes, o Brasil ainda é uma das economias mais fechadas do mundo. "Estamos trabalhando para mudar isso", acrescentou. "Queremos sair desta armadilha (do baixo crescimento). Uma das ferramentas é a integração. A má notícia é que demoramos a entender isso", afirmou. "Outros parceiros criaram tratados sem envolver o Brasil, porque o Brasil está atrás."
Segundo ele, um dos erros do Brasil nos últimos anos foi ficar "de costas para a integração global" e que uma das consequências é a piora do padrão de vida dos brasileiros. "Nosso padrão de vida está piorando, enquanto o outro lado do mundo sobe", disse, destacando o avanço econômico da China e da Índia - dois dos cinco integrantes do Brics.

Guedes afirmou que o Brasil quer se integrar com o restante do mundo e citou conversas com a China sobre a possibilidade de uma área de livre comércio. Ao mesmo tempo, ele não descartou acordos com outros países ou blocos. "Se pudermos passar para a área de livre comércio com outras áreas do mundo, também queremos", afirmou. "Queremos nos integrar. Vamos fazer 40 anos em quatro", acrescentou.

Fabrício de Castro, O Estado de S.Paulo