Na mais infantil demonstração de “dor de cotovelo” de que se tem notícia na diplomacia, o ex-ministro ‘ das Relações Exteriores petista Celso Amorim tentou desqualificar o histórico acordo comercial entre o Mercosul e a Uniao Europeia, que deverá representar um incremento do PIB brasileiro de US$87,5 bilhões (R$336,8 bilhões) em 15 anos.
A “dor de cotovelo” de Amorim, um ex-chanceler de triste memória, decorre da negligência da sua gestão no Itamaraty em relação a esse e a outros acordos de livre comércio. O ex-ministro de Lula não apenas fracassou nesse particular, como na maioria dos casos nem mesmo tentou ajudar avançar o acordo que vem sendo negociado desde 1999. E fez o que pôde para sepultar a Alca, a Área de Livre Comércio das Américas.
O incremento do PIB brasileiro de US$87,5 bilhões em 15 anos pode chegar a US$125 bilhões (R$481,2 bilhões, quase meio trilhão de reais) se consideradas a redução das barreiras não-tarifárias, por exemplo. Os consumidores também serão beneficiados pelo acordo, com acesso a maior variedade de produtos a preços competitivos.
A argúcia de Ernesto
Amorim disse que a União Europeia fechou o acordo “com pressa” porque o Mercosul estaria e uma posição “frágil” política e economicamente, “principalmente Brasil e Argentina”. Filiado ao PT, Amorim parece estar entre os inconformados com a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, cujo governo conseguiu viabilizar o acordo em apenas seis meses, após uma espera de 30 anos.
Mortal para Amorim e verificar que um jovem chanceler, Ernesto Araújo, acabou se revelando um leitor muito mais arguto do ambiente político. Diante da guerra comercial EUA-China, percebeu o interesse renovado de quem manda na Europa — a Alemanha — em garantir novos mercados num ambiente de incerteza.
Considerado no Itamaraty um “péssimo leitor da realidade”, Amorim e os governos do PT fracassaram na tentativa de fechar um acordo comercial com a UE porque apostou tudo no ambiente da Organização Mundial do Comércio (OMC), que há anos enfrenta questionamentos dos países membros.
Com sua visão curta, Amorim trabalhou para inviabilizar a Alca, tirando dos europeus qualquer incentivo defensivo de buscar um acordo com o Mercosul. Celso Amorim e sua turma do atraso no Itamaraty garantiram quinze anos de imobilismo e conquistas vazias, como a invenção de uma caricatura denominada “G-20 dos pobres”.
Cláudio Humberto, Diário do Poder