OSAKA (JAPÃO)
A cúpula do G20 terminou neste sábado (29) em Osaka, no Japão, com um comunicado que reconhece a “intensificação de tensões comerciais e geopolíticas” no mundo e destaca a importância de os países se comprometerem com questões climáticas.
Ao final de uma das reuniões mais aguardadas, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o dirigente chinês, Xi Jinping, decidiram reabrir o diálogo sobre negociações comerciais, e o governo americano se comprometeu a não elevar tarifas sobre produtos chineses, pelo menos por ora.
“Os interesses dos dois lados estão bastante integrados, e as áreas de cooperação são amplas”, afirmou Xi, segundo o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista. “Esses interesses não podem cair na armadilha do conflito e da confrontação, mas promover o desenvolvimento mútuo.”
Quando as conversas entre as duas potências foram interrompidas, em maio, Trump orientou seus assessores a impor uma taxa de 25% sobre o equivalente a US$ 300 bilhões por ano de importações americanas vindas da China. Essa tarifa se somaria à outra, também de 25%, já imposta sobre outros US$ 200 bilhões anuais em compras americanas de artigos chineses.
Não está claro, porém, se a Casa Branca desistiu da ideia após o encontro no Japão.
O G20, que reúne as maiores economias do mundo, diz que vai se esforçar para criar um ciclo virtuoso de crescimento “levando em conta as desigualdades para que se alcance uma sociedade em que todos os indivíduos possam fazer uso de todo o seu potencial”.
Os principais temas debatidos foram divergências sobre comércio e a preocupação com questões ligadas a clima e meio ambiente.
O G20 ainda enfatizou, no comunicado final, a necessidade de promover recursos para ajudar países em desenvolvimento a se adaptarem ao Acordo de Paris. Esse trecho expressa um dos desejos do governo brasileiro sobre a redação final do comunicado.
O Brasil pretendia ver incluído no texto um comprometimento do grupo de rever a questão dos subsídios agrícolas, o que não ocorreu.
Repetindo cenário do último encontro, o G20 reafirmou o apoio sobre a necessidade de reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Mas, apesar do clima de tensões e disputas comerciais, o texto não faz menção ao termo “protecionismo”.
No entanto, diz que os países se esforçarão “para manter os mercados livres e conquistar um ambiente de comércio e investimentos livre, justo, não discriminatório, transparente, previsível e estável”.
A Presidência do Japão no G20 acrescentou ao comunicado preocupações como envelhecimento populacional e lixo plástico nos mares, temas importantes para o país asiático.
As questões de empoderamento das mulheres e dos deslocamentos migratórios também foram apontadas no texto como temas a serem observados pelo grupo.