sexta-feira, 21 de junho de 2019

Bolsa supera os 101 mil pontos pela primeira vez

A indicação do Banco Central brasileiro, que deixou a porta mais aberta para um corte de juros no País, e o otimismo em relação ao andamento da reforma da Previdência, além do quadro de afrouxamento monetário global, renovam o apetite dos investidores por ativos brasileiros nesta sexta-feira, 21.

Na Bolsa, o Ibovespa caminha para chegar a mais um recorde histórico de fechamento, após bater máximas sequenciais durante o pregão, já testando os 102 mil pontos. Os 101 mil foram superados já no começo do dia.
Ibovespa - Bolsa de valores
O Ibovespa passou dos 101 mil pontos pela manhã. 
Foto: Werther Santana / Estadão

Às 13h15, o índice à vista operava com ganhos de 1,42%, aos 101.727 pontos. No mercado de câmbio, o dólar registrava queda de 0,66%, cotado aos R$ 3,8237.
Os juros futuros também têm um ajuste importante, colocando 100% de chances de queda da Selic no próximo Comitê de Política Monetária (Copom), em julho (dias 30 e 31) e apostas num ciclo total de queda de 1 ponto porcentual até o fim do ano, colocando a taxa básica de juros da economia brasileira em 5,5%, abaixo dos 5,75% da mediana da pesquisa Focus.
Algumas instituições já trabalham com a possibilidade de o Banco Central começar o afrouxamento com um passo maior, de 0,50 ponto no mês que vem, após projeções de inflação baixas e, principalmente, menção à interrupção do processo de crescimento da atividade econômica. Esse cenário contempla aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara antes do recesso parlamentar.
As expectativas positivas com a proposta, aliás, ajudam a embalar os ativos de forma geral. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, um acordo está a caminho para essa votação no plenário antes do recesso. Nesse ambiente, o "risco Brasil" medido pelo Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do País, é negociado em 147 pontos, nos níveis mais baixos desde 31 de janeiro de 2018.
No exterior, as bolsas de Nova York inverteram a direção para alta após relatos de progresso nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O S&P 500 também caminha para renovar recorde de fechamento. Mas a dinâmica internacional é dada pela contínua sinalização de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve reduzir juros. O vice-presidente da instituição, Richard Clarida, reiterou que há "ferramentas necessárias" para apoiar o crescimento do país. O dólar perde terreno e, internamente, também apresenta sinal negativo, ampliando a desvalorização acumulada nas duas sessões anteriores ao feriado e negociado na casa de R$ 3,82.

Petróleo

O petróleo Brent foi acima de US$ 65 por barril nesta sexta-feira e está a caminho de ganhar 5% nesta semana devido aos temores de um possível ataque militar norte-americano ao Irã, que interromperia os fluxos do Oriente Médio, que fornece mais de um quinto da produção mundial de petróleo.

O petróleo Brent subia US$ 0,67, ou 1,04%, a US$ 65,12 por barril, às 12h de Brasília. O preço de referência global cresceu 4,3% na quinta-feira e está no caminho para seu primeiro ganho semanal em cinco semanas. 

Simone Cavalcanti e Victor Rezende, O Estado de S.Paulo - Com Reuters