O Globo
A presidente Dilma foi infeliz na comparação histórica que fez entre Ricardo Pessoa, da UTC, e Joaquim Silvério dos Reis. O que o empreiteiro Ricardo Pessoa está entregando não é um movimento de independência do Brasil, como foi a heroica Inconfidência Mineira. Ele está delatando crimes contra o erário, saque da maior empresa do Brasil, desrespeito às leis eleitorais e, se o que diz for confirmado, estará prestando um serviço, por mais detestável que tenham sido seus atos passados como integrante do grupo que praticou esses crimes.
Dilma disse que aprendeu em Minas Gerais, com as professoras, a não gostar de Joaquim Silvério dos Reis. De fato, essa é uma lição que se aprende no Brasil, mas especialmente em Minas Gerais. Dilma disse que “não respeita delator”. Mas a lei brasileira prevê o que está acontecendo neste momento: a colaboração à Justiça por parte dos envolvidos. Por isso, as informações prestadas por Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Pedro Barusco e, agora, Ricardo Pessoa estão abrindo uma oportunidade para o Brasil corrigir erros, recuperar dinheiro desviado e prevenir crimes.
A presidente errou na comparação porque nesta história não há heróis como Tiradentes. Nem ela, nem os ministros citados na confissão do empresário são comparáveis aos que conspiraram contra a opressão colonial e sonharam com a liberdade mesmo que ela tardasse a surgir.