quinta-feira, 24 de outubro de 2024

O crime compensa, garante o 'cartel Lula-STF' - Toffoli solta advogado suspeito de intermediar R$ 1 milhão para desembargador

 Para ministro, houve 'constrangimento ilegal' do profissional


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O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o advogado Luiz Pires Moraes Neto, preso preventivamente na Operação Churrascada, que investiga a venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de São Paulo. Toffoli considerou que houve constrangimento ilegal na ordem de prisão. O alvo principal da Churrascada é o desembargador Ivo de Almeida Moraes Neto, que teria recebido R$ 1 milhão em propina para conceder um habeas corpus e libertar um traficante ligado a Fernandinho Beira Mar. Moraes Neto teria viajado ao Paraguai para buscar o dinheiro e entregá-lo ao desembargador. “Não se nega a gravidade das supostas condutas objeto da investigação instaurada contra o paciente (Moraes Neto). Nada obstante, por mais graves e reprováveis que elas sejam, isso não justifica, por si só, a decretação da prisão cautelar”, justificou o ministro. 

Em nota, a defesa afirma que a decisão reconhece que a prisão do advogado “não possuía motivação válida, base empírica e razoabilidade”. Prisão foi decretada pelo STJ; advogado ficou foragido por 3 meses Moraes Neto foi preso por ordem do ministro Og Fernandes, relator da investigação da Operação Churrascada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro considerou que ele poderia tentar obstruir o inquérito se fosse mantido em liberdade. O advogado passou três meses foragido até ser preso, em setembro.

A Polícia Federal pediu a prisão ao alegar que ele tentou apagar remotamente dados do celular apreendido na investigação. A defesa, por sua vez, afirma que o advogado apenas habilitou a linha telefônica em um novo aparelho para continuar trabalhando. Toffoli diz que não há provas categóricas contra advogado Segundo Toffoli, a transferência do perfil entre os celulares não é suficiente para concluir “categoricamente” que o advogado tentou apagar informações. “Não havia qualquer medida cautelar impedindo a utilização de novo aparelho celular, tampouco exigindo a manutenção dos seus arquivos digitais. Não se podendo afirmar categoricamente que o procedimento de habilitação de novo celular, com transferência de perfil de usuário, visava comprometer a cadeia de custódia”, escreveu o ministro. 

A investigação sobre a venda de sentenças A investigação da Operação Churrascada mostra que o advogado viajou ao Paraguai em 2020 para buscar o dinheiro que seria dado como propina ao desembargador Ivo de Almeida em troca de um habeas corpus para o traficante Romilton Hosi, homem de confiança  de Fernandinho Beira Mar. A decisão teria sido negociada por R$ 1 milhão, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). Os investigadores suspeitam que o advogado tenha negociado outras decisões com interlocutores do desembargador, que está afastado das funções por ordem do STJ. Ivo de Almeida, afastado do cargo pelo STJ, nega enfaticamente a prática de ilícitos. Várias testemunhas já ouvidas pela PF no inquérito negam o envolvimento do desembargador com corrupção. 

A PF e a PGR afirmam ter identificado pagamentos de Luiz Pires Moraes Neto a um posto de combustível supostamente usado para lavar dinheiro de propina. As transações teriam ocorrido dias antes de Ivo colocar em prisão domiciliar um cliente do advogado condenado por roubo e estelionato.  Em depoimento à Polícia Federal, Luís Pires de Moraes Neto negou a existência do esquema. Questionado sobre mensagens trocadas com Wellington Pires, guarda-civil metropolitano que foi o pivô da investigação, ele afirmou que as conversas eram “bravatas” e “mensagens de boteco”. + Desembargador do TJSP teria ‘lavado’ dinheiro usando posto de combustíveis Em uma conversa, o advogado pergunta se havia outro desembargador “na mão”. “De todas essas conversas, não há qualquer decisão ou procuração em processos”, alegou. A PF chegou a pedir a prisão preventiva do desembargador, mas a Procuradoria-Geral da República se opôs. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) investiga o caso na esfera administrativa. Redação Oeste, com informações da Agência Estado. 

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