A atriz Regina Duarte disse o esperado "sim" para o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira, 29, e aceitou assumir a Secretaria Especial da Cultura. Ela se reuniu com o presidente no Palácio do Planalto à tarde.
O anúncio do "sim" ao presidente foi feito pela própria Regina, a jornalistas, após o encontro. O Estado antecipou que ela havia aceitado o convite.
"Sim, mas agora vão ocorrer os proclamas antes do casamento", disse Regina ao ser questionada se aceitou assumir a secretaria. O edital de Proclamas é um documento que o cartório emite quando os noivos dão entrada no casamento civil.
Pouco antes, ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro também mencionou o trâmite para falar sobre a situação de Regina, que desde o convite falava que estava em fase de "noivado" com o presidente.
"Estamos na fase do proclamas", disse Bolsonaro no fim da tarde, ao chegar à residência oficial. “Está tudo certo, está caminhando. Ela está acertando as questões pessoais dela”, afirmou. Após se reunir com o presidente, Regina foi à Secretaria-Geral da Presidência para se informar sobre as formalidades para assumir o cargo público.
Regina Duarte vai ocupar a vaga de Roberto Alvim, demitido após divulgar um vídeo em que fazia referências ao nazismo. Ela será a quarta secretária da área no governo de Bolsonaro.
Além de Bolsonaro, participaram do encontro o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a quem a secretaria da Cultura está subordinada, e o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Em nota, Álvaro Antônio comemorou o "sim" da atriz ao convite do governo.
“Trata-se de um reforço do mais alto nível para compor o time do governo federal. Turismo e Cultura são atividades com uma forte sinergia que mostram ao mundo o que o Brasil tem de melhor, além de terem um alto potencial de geração de emprego e renda em nosso país e é sob essa perspectiva que trabalharemos fortemente e tendo essa importante parceira em nossa equipe. Tenho certeza que ela será bem sucedida nesse novo desafio e que teremos excelentes resultados”, afirma, em nota, o ministro do Turismo.
Na terça-feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Regina terá liberdade para fazer as mudanças que quiser ao assumir a Secretaria Especial.
"Para mim seria excepcional; para ela, ela tem a oportunidade de mostrar realmente como é fazer cultura no Brasil. Ela tem experiência em tudo que vai fazer. Precisa de gente com gestão ao seu lado, tem cargo para isso, vai poder trocar quem ela quiser lá, sem problema nenhum. Então, tem tudo para dar certo a Regina Duarte", disse Bolsonaro.
PARA ENTENDER
As idas e vindas da Cultura no governo Bolsonaro
Ministério foi extinto em janeiro para criação da Secretaria Especial de Cultura, que foi incorporada ao Ministério da Cidadania e, depois, ao do Turismo; trocas nas lideranças dos órgãos geraram críticas ao governo
Nascida em Franca, no interior de São Paulo, em 5 de fevereiro de 1947, filha de um tenente reformado do Exército e de uma dona de casa, Regina Duarte se tornou um dos principais nomes da televisão brasileira.
Dona de uma carreira de mais de 50 anos, ela já esteve dos dois lados da política. Em 1975, quando a novela Roque Santeiro foi censurada pela ditadura militar às vésperas da estreia, a atriz, que não estava no elenco mas já era a "namoradinha do Brasil", foi a Brasília para protestar. Na versão de 1985, ela foi a Viúva Porcina. Em 2002, ao apoiar a campanha de José Serra à Presidência, disse a frase que viraria famosa: "Eu tenho medo". Seu medo era de que Lula ganhasse as eleições.
Em 2018, ela se manifestou publicamente a favor da candidatura de Jair Bolsonaro em uma entrevista ao Estado. Segundo a atriz, Bolsonaro tem “humor brincalhão típico dos anos 1950, que faz brincadeiras homofóbicas, mas que são da boca pra fora, coisas de uma cultura envelhecida, ultrapassada”. A última novela em que Regina atuou foi Tempo de Amar (2017), escrita por Alcides Nogueira e Bia Corrêa do Lago.
Tânia Monteiro, O Estado de S. Paulo