Forma-se a convicção de que o Brasil terá um crescimento econômico mais expressivo neste ano, ainda que os números devam ser distantes não só dos observados no passado, em tempos de euforia, como dos desejáveis para que a indústria, o varejo e os serviços recuperem as marcas do início desta década. Além disso, será um crescimento muito dependente do consumo das famílias. Respeitadas as limitações, o consumo poderá crescer com o aumento do crédito. O investimento também poderá subir, se o País confirmar sua capacidade de atrair o investidor estrangeiro.
Os sinais dos últimos dias foram promissores. Não só o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas departamentos econômicos de bancos e consultorias, além de autoridades, estão revendo para cima as expectativas de aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020. Marcelo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, admite, como previsão pessoal, que o crescimento do PIB possa ficar entre 2,5% e 3%, mais, portanto, do que a estimativa oficial de 2,4%. O que dá relevo às previsões é o fato de que a retomada não virá de estímulos de curto prazo, como a liberação de recursos do FGTS e do PIS-Pasep. “Estamos mudando o mix de crescimento, porque antes o governo era o gerador e isso nos levou a uma crise fiscal terrível”, disse Sachsida.
O Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV) de janeiro reforça o cenário promissor, inclusive no exterior. “Há sinais mais nítidos de estabilização da atividade econômica mundial, após meses de desaceleração, com a maioria dos indicadores econômicos sinalizando queda do risco de uma recessão global em 2020”, segundo o estudo. No País, o mercado de trabalho melhora, a alta do salário mínimo foi definida conforme o esperado e a informalidade tende a cair. Ademais, a confiança cresce, com destaque para a construção. “Os ventos da recuperação econômica começam a soprar com mais força”, afirmam Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos, do Ibre.
A recuperação mais acentuada deverá vir do comércio exterior, da agropecuária e da indústria, puxada pela extrativa. O humor econômico parece mudar para melhor. Até o consumo do governo deverá ter leve alta, em ano de eleições. O Brasil deverá crescer mais, sem euforia, segundo a FGV.