quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

J.R. Guzzo: "Pregam a reinvenção do PT, mas não a exposição dos seus erros"

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Divulgação
Toda vez que você ouvir por aí o verbo “reinventar”, um dos mais populares que se pode encontrar hoje em dia na mídia nacional, desconfie: vem embromação por aí.
Já dá um trabalho danado inventar, realmente, alguma coisa que valha a pena; imagine, então, inventar outra vez alguma coisa que já foi inventada. (A roda que o diga, para ficar num dos exemplos mais falados.)
Estão levando para a apreciação do público, agora, a história segundo a qual é preciso “reinventar o PT”. 
Ou se “reinventa” o PT, e depressa, ou o partido vai perder mais uma eleição – as municipais de 2020.
É curioso, realmente. Antes de inventar de novo o PT, depois de 40 anos de existência, parece muito mais simples perguntar por que o partido perdeu as eleições de 2018 – se a questão é evitar um novo desastre, será que não valeria a pena tentar saber os motivos que levaram ao desastre mais recente? 
Não parece ser tão complicado assim. Se o PT perdeu, não seria o caso de indagar se, talvez – só talvez –, tenham feito alguma coisa errada na campanha?
Trata-se, em resumo, de tentar descobrir o seguinte: o que Jair Bolsonaro disse ao eleitorado, em 2018, que o PT não estava dizendo?
É óbvio, aritmeticamente, que as coisas que Bolsonaro disse atraíram mais a aprovação do eleitorado do que o discurso do PT
Que coisas foram essas? 
Pode parecer estranho, mas o fato é que até agora tais perguntas não foram feitas. 
O PT, segundo Lula e o seu estado-maior, perdeu por culpa do adversário. 
Ou da Justiça. Ou de Sergio Moro
Ou do FBI. 
Ou dos eleitores. 
Só não perguntaram se foi feita, de sua parte, algo errado.
Assim não adianta reinventar nada.

Metrópoles