Depois de começar o dia em leve baixa, o dólar passou a subir no fim da manhã desta sexta-feira, 31, por causa da tensão geral com o rápido avanço do coronavírus e superou os R$ 4,28. A máxima registrada, às 13h38, ficou em R$ 4,2862, alta de 0,67% no dia - maior da história. Nas casas de câmbio, segundo monitoramento realizado pelo Estadão/Broadcast, a moeda americana encosta nos R$ 4,50, variando entre R$ 4,40 e R$ 4,48. No mês, a moeda já se valorizou em 6,72% e, nos últimos 12 meses, 17,02%.
O Ibovespa caminha para encerrar janeiro com a primeira variação negativa para o mês em quatro anos e terminar em baixa pela segunda semana seguida, acompanhando a aversão a risco no exterior.
A ampliação da máxima do dia ocorreu paralelamente à divulgação da queda do índice da atividade industrial de Chicago para 42,9 em janeiro, menor nível desde 2015. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam 48,5 e leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade econômica nessa pesquisa.
Antes do dado americano, o dólar à vista já havia se alinhado à valorização do dólar no mercado futuro e no exterior em relação a outras divisas emergentes ligadas a commodities. De acordo com operadores do mercado financeiro, o catalisador principal até então era a desvalorização das divisas emergentes em meio à retomada da aversão a risco com o rápido alastramento do coronavírus para 22 países, incluindo a China, além de seus quatro territórios (Macau, Hong Kong, Taiwan e Tibete).
Entre o fim da tarde de quinta e esta sexta-feira, Reino Unido, Itália e Rússia relataram seus primeiros casos de coronavírus. Com isso, o mercado global dissipou o alívio que vinha desde quinta, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendar restrições de viagens por conta da doença, apesar de ter declarado emergência global de saúde pública.
No Brasil, o Ministério da Saúde anunciou que só irá elevar o grau de risco de nível 2 para 3 - o mais alto - quando for confirmado o primeiro caso de coronavírus no País. Por enquanto, há nove casos suspeitos sendo monitorados em Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Ceará.
No mercado à vista, às 12h42, o dólar subia 0,41%, aos R$ 4,2749. O dólar futuro para março avançava 0,76%, aos R$ 4,2815, com giro registrado mais alto que nos dias anteriores, de cerca de US$ 12,376 bilhões.
PARA ENTENDER
Coronavírus: veja o que já se sabe sobre a doença
Doença está deixando vítimas na Ásia e já foi diagnosticada em outros continentes; Organização Mundial da Saúde está em alerta para evitar epidemia
Perdas na Bolsa
O Ibovespa havia fechado o primeiro mês com alta de 10,82% em 2019, de 11% em 2018 e de 7,38% em 2017, tendo acumulado perdas de 6,79% em 2016. O recuo desta sexta-feira, de novo, é quase generalizado - apenas 8 ações (das 73) subiam, mas com alta inferior a 1,00%. Até 12h45, o índice acumulava 4,10% no mês e declínio de 1,83% na semana.
Depois de atingir máxima a 115.518,20 pontos, foi à mínima a 113.425,39 pontos. Entre o fechamento de quinta-feira e até as 12h36, perdia em torno de 2 mil pontos. Nesse horário, o Ibovespa caía 1,74%, aos 113.520,93 pontos, às 12h36.
Às 12h24, Vale ON caía 2,93%, enquanto Petrobras ON perdia 2,71%, Banco do Brasil ON cedia 2,69% e CSN ON recuava 2,61%, figurando entre as maiores variações negativas da B3. Petrobras PN perdia 1,59%, acompanhando o recuo do petróleo no exterior. O volume negociado na Bolsa era de R$ 6,67 bilhões, com projeção de concluir o pregão a R$ 22,4 bilhões.
Silvana Rocha e Regina Silva, O Estado de S.Paulo