
Convertido em ministro da Justiça por Jair Bolsonaro, que elegeu-se surfando o desprestígio da classe política, Moro anunciou ontem o envio ao Parlamento de um conjunto de medidas legislativas que falam à alma do “juiz de ataque” da República de Curitiba sem descuidar da agenda eleitoral “prende e arrebenta” do presidente.
Espécie de anistia a policiais que matam em serviço, o excludente de ilicitude é um dos símbolos da pauta eleitoral bolsonarista contemplada por Moro. Quase todo o restante do pacote poderia constar de um PowerPoint da Lava-Jato. Regime fechado para corruptos, novas possibilidades de acordo entre condenados e o Ministério Público, prisão em segunda instância, criminalização do caixa dois e legalização de escutas clandestinas encorpam a lista.
Agora no governo, Moro quer ampliar o arsenal dos seus colegas de Curitiba e implementar promessas de Bolsonaro. Precisará, para isso, do apoio dos políticos, eles próprios alvos do “juiz de ataque” no passado.
Robson Bonin, O Globo