Atos de violência na política costumam derivar de processos de degradação nos embates pelo poder.
Quando degeneram e escapam dos limites legais e das regras básicas de convivência civilizada e democrática, há irrupções como a de Juiz de Fora.
O ataque à faca ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), por Adélio Bispo de Oliveira, não surgiu do nada, independentemente da sanidade metal do agressor.
A confusão mental demonstrada por Bispo não leva a qualquer conclusão. Mas a origem de comemorações irresponsáveis nas redes ditas sociais são reveladoras.
Não precisa haver uma conspiração por trás do atentado para se confirmar um indesejável acirramento entre forças políticas. A atmosfera criada não era saudável para a democracia.
Felizmente, o fato levou os principais candidatos a baixarem o tom, solidarizando-se com Bolsonaro.
O que se espera crie espaço para um efetivo confronto de propostas, a fim de que o eleitor defina seu voto da forma mais equilibrada possível, exigência feita pela difícil situação do país nas finanças públicas.
No inventário da violência, feito para que ela não prospere, é preciso conhecer a crônica da metástase que começou a tomar conta do organismo da política brasileira, já em 2013, quando o PT e seus aliados em sindicatos e organizações ditas sociais perderam o monopólio do controle das ruas.
Manifestações crescentes ocuparam, no meio daquele ano, grandes cidades, convocadas à margem das máquinas ligadas ao partido.
Logo, frações mais radicais se aproveitaram para promover depredações, esvaziando aquele movimento.
Era o sinal para que os mais representativos partidos, a começar pelo PT, reduzissem a temperatura ambiente.
Mas o partido fez o contrário na campanha de 2014 e mais ainda no processo de impeachment de Dilma Rosseff, quando o Planalto foi convertido em bunker de discursos radicais, inclusive com a ameaça de que a presidente seria defendida em trincheiras “com arma na mão”, feita por Vagner Freitas, presidente da CUT. Dilma foi impedida, dentro do processo legal jurídico e político, e nada aconteceu.
Mais tarde, em meados de janeiro deste ano, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), alardeou que iria “morrer gente” se Lula fosse preso.
Pois ele, no final daquele mês, foi condenado em segunda instância, está preso e não morreu qualquer pessoa. Cumpre-se a lei, como tem de ser.
Mas posturas como estas fermentam o subsolo da política, e em algum momento a pressão pode extravasar. Felizmente, há uma oportunidade, depois de Juiz de Fora, de este tipo de comportamento não se repetir. Por nenhum dos lados.