BERLIM - A chanceler alemã, Angela Merkel, e seu minitro do Interior, Horst Seehorf, líder do partido União Social-Cristã que integra a aliança governista, chegaram nesta segunda-feira a um acordo sobre como lidar com a questão da imigração, que ameaçava pôr fim a seu governo.
Seehorf saiu ontem à noite de uma reunião com Merkel anunciando um acordo para "impedir a imigração ilegal na fronteira entre a Alemanha e a Áustria".
A chanceler anunciou que manterá os imigrantes em centros de trânsito na Alemanha enquanto é negociado seu retorno aos países da União Europeia em que foram inicialmente registrados como solicitantes de asilo.
Ela disse que o acordo entre a União Social-Cristã (CSU) e seu partido Cristão-Democrata (CDU) garantirá o princípio de liberdade de movimento dentro da UE enquanto permite à Alemanha adotar "medidas nacionais" para limitar a chegada de imigrantes.
"O espírito de parceria na União Europeia será preservado e, ao mesmo tempo, um importante passo será dado para organizar e controlar a migração secundária. Por isso acho que encontramos um bom acordo após duras negociações e dias difíceis", afirmou Merkel a jornalistas.
O líder do partido bávaro pressionava Merkel a adotar regras de imigração mais rigorosas e fechar a fronteira da Alemanha a solicitantes de asilo registrados em outros países. Merkel tinha rejeitado a proposta, alegando que qualquer solução deveria envolver as outras nações da União Europeia. Então Seehofer deu no dia 22 um ultimato de 15 dias para que a chanceler chegasse a um acordo com seus parceiros do bloco para reduzir o fluxo migratório.
Após a cúpula de quinta e sexta-feira entre os líderes europeus ter terminado sem uma solução conclusiva, Seehofer ofereceu sua renúncia ao cargo de ministro do Interior no domingo à noite, durante reunião do CSU, mas foi convencido por seus parceiros de legenda a retomar as conversações com Merkel.
A chanceler, que está há quase 13 anos no cargo, está mais fraca do que nunca após seu partido perder a maioria nas eleições de setembro. Depois de meses de negociações com os partidos, ela conseguiu formar uma coalizão com a CSU, contrária à imigração.
Desde que ela recebeu mais de 1 milhão de imigrantes em 2015 e 2016 os partidos nacionalistas e populistas recuperaram sua força, em um país que lutou por anos contra as sombras de seu passado. O número de novos imigrantes caiu a uma pequena fração, mas o sentimento antiimigração ganhou força na Alemanha.
AFP e REUTERS