segunda-feira, 2 de julho de 2018

Facebook compartilhou dados com 52 empresas

Facebook compartilhou informações de usuários com 52 fabricantes de hardwares e software, incluindo chineses, com o objetivo de tornar a rede social mais eficaz em aparelhos móveis, disse a empresa.
O reconhecimento consta em documento de mais de 700 páginas entregue ao congresso americano e é o mais completo relato até aqui de como a rede social compartilha informações pessoais com outras empresas.
O relatório responde a 1.200 perguntas feitas em abril por membros do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados americana ao presidente do Facebook, Mark Zuckerberg. O prazo para responder aos questionamentos se encerrava na sexta (29).
Segundo o Facebook, a transferência de informações de usuários foi interrompida para a maioria dos desenvolvedores de aplicativos. Algumas parcerias continuaram neste ano e foram encerradas, mas outras seguem ativas.
 
A lista desses parceiros inclui as principais marcas de tecnologia, como Apple, Amazon e Microsoft, a gigante sul-coreana Samsung e as chinesas Huawei e Alibaba.
Nem todas as companhias listadas são fabricantes de dispositivos: algumas fazem sistemas operacionais ou outros softwares. 
"Nós fizemos parceiras com empresas para construir integrações em que nós e nossos parceiros pudéssemos oferecer às pessoas acesso ao Facebook ou a experiências do Facebook", afirmou a empresa no documento. "Essas integrações foram construídas por nossos parceiros, para nossos usuários, mas foram aprovadas pelo Facebook."
A rede social diz ter encerrado 38 das 52 parcerias e planeja em breve acabar com mais 7.
O Facebook tem sido duramente criticado porque teria compartilhado informações detalhadas de seus usuários com uma ampla variedade de empresas. 
Para congressistas americanos, o problema mais grave seria em relação a Huawei, fabricante de smartphones que seria intimamente ligada ao governo chinês, o que traria ainda mais riscos para a privacidade.
Os questionamentos se intensificaram por alegações de que o Facebook não teria feito o suficiente para proteger a privacidade de seu usuário quando a consultoria política Cambridge Analytica obteve acesso a informações de 87 milhões de usuários do Facebook, incluindo 71 milhões de americanos, em 2014.
O caso foi revelado em março deste ano. 
Em junho, informações sobre o compartilhamento de dados com fabricantes de dispositivos causaram nova controvérsia porque a prática continuou mesmo depois que o Facebook começou a restringir acesso às informações de usuários a desenvolvedores de aplicativo --um movimento que a rede social descreveu como um sinal de cuidado para proteger a privacidade dos usuários.
O documento é o segundo lote de respostas que o Facebook entrega desde que Mark Zuckerberg foi ao Congresso prestar esclarecimentos sobre o escândalo da Cambridge Analytica. No primeiro, foram 500 páginas com esclarecimentos ao Senado.
Apesar das mais de 700 páginas de respostas de sexta, o Facebook mais uma vez deixou muitas perguntas dos congressistas sem resposta. 
A empresa não disse por que não auditou aplicativos como o que está no centro da controvérsia da Cambridge Analytica anos antes de se tornar objeto de escrutínio internacional, por exemplo, e se recusou a fornecer os nomes dos funcionários que eram responsáveis pela supervisão. 
A Cambridge Analytica usou dados que acessou do Facebook para ajudar candidatos republicanos a atingir eleitores com mensagens políticas baseadas em avaliações psicológicas de suas personalidades, incluindo preferências pessoais e outras informações compartilhadas na mídia social.
Notícias que revelaram o compartilhamento de dados de usuários desencadearam uma investigação da FTC, o órgão de defesa do consumidor dos EUA, que avalia se o Facebook violou acordo de 2011 sobre privacidade. 
Na época, o Facebook disse que se empenharia em obter permissão antes de compartilhar informações privadas de usuários com terceiros se elas extrapolassem as configurações de privacidade existentes. 
Representantes do Facebook disseram que fabricantes de smartphones eram fornecedores, e não terceiros. 
 
WASHINGTON POST