Simone Cavalcanti, O Estado de S.Paulo
Em uma espécie de continuidade do rali iniciado nas últimas semanas de 2017, o Ibovespa fechou nesta sexta-feira, 5, o 10º pregão consecutivo em alta, chegando aos 79 mil pontos. O principal índice da B3, a bolsa brasileira, encerrou a sessão com valorização de 0,54%, aos 79.071,46 pontos, na máxima do dia.
Com isso, acumula ganhos de 8,79% nos últimos 10 pregões. A última vez em que essa sequência ocorreu foi em julho de 2016, quando o índice teve avanço acumulado de 9,37%.
"Com o décimo dia de alta, o que não é comum, o fôlego está acabando", afirmou Hersz Ferman, economista da Elite Corretora.
De fato, na primeira etapa da sessão desta sexta-feira, o Ibovespa ensaiou um movimento de realização de ganhos, que, contudo, não se sustentou.
As blue chips - nome dado às ações com maior volume de negociações, de empresas consolidadas - do setor bancário ajudaram a puxar o índice para baixo, mas, na parte da tarde, reverteram a tendência.
Nos quatro primeiros dias de janeiro, os papéis Itaú Unibanco PN acumulam ganhos de 6,26%. Os papéis Banco do Brasil ON têm avanço acumulado de 5,81% e Bradesco PN, de 4,95%.
O sinal negativo do índice à vista predominou da abertura ao meio do dia e foi se aplacando aos poucos. Segundo analistas, contribuiu para esse movimento de recuperação a divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, cuja criação de vagas veio bem abaixo das projeções.
"Diante desses dados, subentende-se que o Federal Reserve não deve aumentar os juros no curto prazo. A notícia é boa para os emergentes porque indica que a liquidez mundial deve seguir por mais algum tempo", ressalta Ariovaldo dos Santos, gerente da mesa de renda variável da H.Commcor.
A notícia, de acordo com Santos e Ferman, encontrou cenário positivo para manter o apetite por risco por aqui, uma vez que os indicadores econômicos brasileiros que têm sido divulgados apontam para a retomada da economia.
De acordo com o economista da Elite Corretora, esse momento cíclico é positivo, indicando a chegada de círculo virtuoso, que traz melhores perspectivas para as empresas, entrada de capital no Brasil e ajuda a potencializar os ganhos no mercado acionário.
"O Brasil está andando muito bem, mas nada que destoe de maneira significativa do cenário externo. O mundo está com sinal positivo para ativos de risco e estamos indo junto nesse momento", disse Ferman, ressaltando que, sem notícias mais contundentes no plano político, há espaço para a tomada de risco.
Santos complementa que, ainda como pano de fundo, há ainda quem veja na troca ministerial das últimas semanas um sinal de esforço e articulação do governo visando o andamento da reforma da Previdência, cuja votação, no final de 2017, foi prometida para fevereiro próximo.
