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A inclusão de revelações feitas por delatores da Odebrecht no processo que pode resultar na interrupção do mandato de Michel Temer fez tremer o presidente e seus operadores. A razão da tremedeira é simples: ninguém mais tem dúvidas quanto à promiscuidade que permeou o financiamento da chapa vitoriosa na disputa presidencial de 2014.
É justamente por conhecer os porões financeiros do comitê eleitoral que a turma de Temer adotou em sua defesa a tática da barriga. Temer quer empurrar com a barriga o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral. Avalia que o risco de cassação diminui na proporção direta da aproximação do fim do mandato.
Até aqui, a principal linha de defesa de Temer era a tese segundo a qual a contabilidade da sua campanha, como candidato a vice-presidente, nada tinha a ver com as contas de Dilma, que encabeçava a chapa. Esse argumento tem um quê de cinismo, já que, para se contrapor à acusação de que assumiu a presidência graças a um golpe, Temer sempre declarou que foi eleito junto com Dilma, na mesma chapa, com a foto exposta na mesma urna eleitoral.
Está cada vez mais difícil digerir a tese da defesa de Temer de que as contas de sua campanha não se confundem com as de Dilma. O marqueteiro do comitê, João Santana, foi remunerado secretamente pela Odebrecht na Suíça. Partidos aliados receberam um estímulo monetário da Odebrecht para aderir à coligação do PT e do PMDB. O próprio Michel Temer pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht.
Resta saber que papel pretende desempenhar a Justiça Eleitoral neste julgamento histótico. A turma de Michel Temer treme porque sabe que, observados apenas os rigores da lei, a caixa registradora de 2014 é indefensável.