sexta-feira, 3 de março de 2017

Odebrecht diz que negociou apoio do PDT à chapa encabeçada por Dilma 'trambique'

Brazilian President Dilma Rousseff and her Vice President Michel Temer talk during the launching ceremony of the new National Borders policy at Planalto Palace in Brasilia, on June 8, 2011. AFP PHOTO/Evaristo SA
O presidente Michel Temer (PMDB) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
Com Veja e Reuters
O ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, que depôs nesta quinta-feira no processo que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer, disse que a empreiteira repassou 4 milhões de reais em recursos de caixa 2 para “consolidar” o apoio do PDT à chapa nas eleições presidenciais de 2014. A informação reforça a revelação de VEJA feita no início de fevereiro (edição 2.516), na matéria “Apoio comprado com dinheiro sujo”.
De acordo com Reis, o então presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, pediu que ele procurasse Alexandrino de Alencar, ex-executivo da empresa, porque este “precisava de apoio”. A ajuda, segundo Reis, seria pela proximidade que ele teria com lideranças do PDT para que o partido aceitasse os 4 milhões de reais em troca de consolidar sua participação na coligação de Dilma Rousseff e Michel Temer, vencedora da eleição presidencial de 2014.
Alexandrino, que foi diretor de Relações Institucionais da empreiteira e vice-presidente da Braskem, teria ficado responsável por negociar o apoio de cinco partidos – além do PDT, PRB, PROS, PcdoB, e PP – em troca de repasses financeiros.
Reis informou ainda que o pagamento foi feito em quatro parcelas de 1 milhão de reais entre agosto e setembro de 2014. O ex-presidente da Odebrecht Ambiental é o segundo executivo da empresa a ser ouvido no processo que apura irregularidades na campanha de 2014 e no qual o PSDB, autor da ação, pede a cassação da chapa.
O presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, foi ouvido na tarde desta quarta e, na ocasião, afirmou que fez doações de caixa 2 à chapa Dilma-Temer.
Matéria de VEJA deu ainda mais detalhes sobre a negociação dos valores:
Em uma reunião em 2014 com Marcelo Odebrecht, à época presidente da maior construtora do país, e o então diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Alexandrino Alencar, o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à reeleição, Edinho Silva (PT), foi claro: precisava de 35 milhões de reais para garantir a adesão de cinco partidos à chapa da petista e, assim, conquistar preciosos minutos na propaganda eleitoral na televisão. Mais precisamente, dois minutos e 59 segundos, decorrentes da aliança com Pros, PCdoB, PRB, PDT e PP. A divisão do butim seria feita de forma igualitária, 7 milhões de reais para cada sigla. A informação sobre o acerto, levado a cabo, consta do acordo de delação premiada dos dois executivos, homologado na semana passada pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.
Segundo o que Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar delataram em seus acordos, a propina foi paga, através de caixa dois, diretamente aos partidos beneficiados, e saiu do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que cuidava do dinheiro sujo da empreiteira. Em alguns casos, ao menos, o repasse foi feito em dinheiro vivo.