sexta-feira, 24 de março de 2017

EUA checarão e-mails e redes sociais de solicitantes de visto, diz 'NY Times'

O Globo

Trump endureceria regras de entrada para estrangeiros por temor de radicalismo islâmico



O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa antes de Rex Tillerson tomar posse como Secretário de Estado - NICHOLAS KAMM / AFP


WASHINGTON — Em um passo significativo rumo ao que o presidente Donald Trump considera "triagens extremas" de estrangeiros que entram nos EUA, o governo americano está estudando dificultar a entrada de milhões de visitantes através de verificações mais rigorosas, afirmam documentos diplomáticos obtidos pelo "New York Times". Os materiais mostram que o secretário de Estado, Rex Tillerson, já advertiu embaixadas para ampliar significativamente o escrutínio, focando no terrorismo islâmico e até permitindo a checagem até de e-mails e redes sociais. A medida se estenderia até a turistas.


Após a suspensão judicial ao segundo decreto de Trump contra migrantes de seis países de maioria muçulmana, a nova medida prevê que mais pessoas serão alvo de questionamentos adicionais, revelou o "NYT". As novas medidas incluem demandar de solicitantes de vistos de turismo, trabalho e residência um detalhamento total de sua listas de viagens, endereços e locais de trabalho nos últimos 15 anos; telefones; e-mails; e checagens nas redes sociais para determinar se a pessoa já esteve em território controlado pelo Estado Islâmico.

"Funcionários consulares não deverão hesitar em recusar qualquer caso que apresente preocupações à segurança", destaca Tillerson nos documentos. "Todas as decisões de vistos são decisões de segurança nacional."

Pessoas que forem selecionadas para escrutínio aprofundado passariam por procedimentos mais rigorosos, afirma Tillerson nas correspondências.

Segundo especialistas e funcionários consulares e de imigração, as novas regras aumentariam o tempo para concessão de visto e a probabilidade de rejeição da solicitação.

— Isto certamente desacelerará o processo de checagem. Tornará muito mais difícil o processo e criará atrasos substanciais — afirmou Greg Chen, diretor da American Immigration Lawyers Association. — É altamente difícil obter informações que digam que alguém é uma ameaça à segurança num processo de entrevista tão, rápido, de cinco minutos.

BRIGA NA JUSTIÇA POR DECRETO

O governo Trump briga na Justiça para reaplicar sua proibição temporária à entrada nos Estados Unidos de cidadãos de seis países muçulmanos, barrada por um juiz federal do Havaí há uma semana.

— Temos a intenção de apelar contra esta decisão equivocada — declarou Sean Spicer, porta-voz do executivo americano. — O perigo é real e a lei é clara. O presidente vai continuar a exercer a sua autoridade constitucional e responsabilidade presidencial de proteger nossa nação.

O decreto mais brando que o original apresentado pelo presidente proíbe a entrada de cidadãos de seis países muçulmanos nos EUA: Irã, Líbia, Síria, Somália, Sudão e Iêmen. A primeira versão já havia sido suspensa pela Justiça, e incluía o Iraque, a entrada de refugiados e até pessoas com vistos.