Benedicto Júnior, um dos delatores da empreiteira na Lava Jato, contou ao TSE que dinheiro, pago via caixa 2, foi repartido em 2014, sendo R$ 6 milhões para três políticos do PSDB e R$ 3 milhões para marqueteiro do tucano que concorria à Presidência da República

O senador e presidente do PSDB Aécio Neves. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O ex-presidente da Construtora Odebrecht Benedicto Júnior, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse nesta quinta-feira, 2, ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na campanha de 2014 repassou R$ 9 milhões a políticos do PSDB e ao marqueteiro tucano a pedido do então candidato à Presidência Aécio Neves – presidente nacional da sigla. A doação teria sido via caixa 2.
Ele não disse que se encontrou ou se tratou pessoalmente com Aécio sobre as doações.
A audiência, realizada na sede do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, no Rio, faz parte da Ação de Investigação Judicial Eleitoral aberta a pedido do PSDB contra a chapa Dilma/Temer.
O executivo da Odebrecht, , conhecido como BJ na empreiteira, não pôde dar mais detalhes. Ele foi advertido pelo ministro que as doações ao PSDB são objeto estranho à investigação.
Benedicto disse que não tinha ciência de doações à campanha nacional, pois cuidava apenas de doações estaduais.
Indagado por advogados que compareceram à sessão, Benedicto relatou que R$ 6 milhões foram repassados para as campanhas do senador Antonio Anastasia e aos deputados Pimenta da Veiga e Dimas Fabiano Toledo Júnior – filho do ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, antigo aliado de Aécio.
Os outros R$ 3 milhões, ainda segundo o ex-presidente da Construtora Odebrecht, foram pagos ao publicitário Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio na campanha de 2014.
O combinado, segundo o executivo, era um pagamento no total de R$ 6 milhões para Vasconcelos, mas só foi possível pagar R$ 3 milhões.
Segundo testemunhas do relato de Benedicto, ele afirmou que não poderia dizer se os pagamentos foram realizados em dinheiro.
Um advogado o questionou sobre a forma das doações. Ele disse que, em geral, são feitas via caixa 1, ou caixa 1 por terceiros – citou a cervejaria Itaipava que segundo o empreiteiro Marcelo Odebrecht era usada como ‘laranja’ para repasses a políticos – e, ainda, por caixa 2.
“Quando é por caixa 2 como é feito o pagamento?”, perguntou um outro presente à sessão.
“É dinheiro, em espécie”, respondeu Benedicto.
COM A PALAVRA O SENADOR AÉCIO NEVES
Procurada, a assessoria do senador Aécio Neves disse que ele “solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei. Como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais”.
COM A PALAVRA, O SENADOR ANTONIO ANASTASIA
Em nota, a assessoria do senador Antonio Anastasia disse que o parlamentar “nunca tratou, no curso de toda sua trajetória pessoal ou política, com qualquer pessoa ou empresa sobre qualquer assunto ilícito”.
Paulos Vasconcelos, Pimenta da Veiga e Dimas Toledo Filho não foram localizados.