
O banco Bradesco esperava uma queda de exatamente 1,1% na comparação com setembro e um tombo de 7,3% frente a outubro do ano passado. Economistas ouvidos para o boletim Focus do Banco Central desta semana estimaram recuo de 6,23% da indústria em 2016 e alta de 1,21% no próximo ano.
— O resultado elimina o avanço de 0,5% de setembro. Chama atenção o espalhamento da queda produção industrial. São 20 dos 24 setores com resultado negativo — disse Andre Macedo, do IBGE.
A queda de 1,1% frente a setembro é a pior para o mês de outubro desde 2013, quando o recuo foi de 1,5%. Já o declínio de 7,3% ante igual mês de 2015 foi a trigésima segunda taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação e a mais intensa desde maio de 2016.
Na taxa anualizada, ou seja, o indicador acumulado em 12 meses, verificou-se uma desaceleração no ritmo de queda. O declínio de 8,4% em outubro de 2016 é inferior à taxa acumulada em setembro (-8,8%). Desde junho (-9,7%), a queda acumulada vem perdendo força.
Evolução da produção industrial
EM %
-4,9
-14,0
-10,0
-5,0
0,0
2,0
jan/15
mar/15
jun/15
ago/15
out/15
dez/15
fev/16
abr/16
jun/16
ago/16
out/16
Mês imediatamente anterior
Mesmo mês do ano anterior
— O nível de produção da indústria hoje está 21,6% abaixo do pico alcançado em junho de 2013. Estamos em um patamar semelhante ao de dezembro de 2008, quando estávamos no auge da desaceleração industrial reflexo da crise econômica global — afirmou Macedo.
Todas as grandes categorias apresentaram queda. A que registrou maior baixa, tanto na comparação mensal (-2,2%) como na comparação anual (-9,8%) foi a de bens de capital (máquinas e equipamentos). No acumulado do ano e em 12 meses, os recuos para este grupo de bens são de 14,4% e de 17,4%,respectivamente.
Ele ressaltou que há um efeito calendário na comparação com outubro de 2015, pois o mês tem menos um dia útil em 2016. Isso pode ter contribuído para a maior disseminação dos resultados negativos entre setores. Na comparação anual, 23 dos 26 setores tiveram desempenho negativo.
Os bens intermediários, como aço e celulose, também apresentaram desempenho fraco: retração de 1,9% ante setembro e de 7% ante outubro de 2015. Já os bens de consumo tiveram queda mais suave na comparação mensal, de 0,4%. Em relação a outubro do ano passado, a produção desses itens despencou 7,3%.
Considerando os ramos industriais, 20 dos 24 recuaram em relação ao mês anterior. Os que ficaram no azul foram coque e serviços de petróleo (+1,9%), produtos minerais não metálicos (+1,4%), fumo (+0,9%) e e equipamentos de informática e produtos eletrônicos s ópticos (+0,2%). O pior desempenho foi do segmento de borracha: queda de 4,9%.
Macedo lembrou que o resultado é comparado a uma base já fraca. No ano passado, houve um recorde de queda de 8,3% da produção industrial brasileira. Bens de capital e bens de consumo duráveis puxaram o resultado do setor industrial para baixo. No bens de capital, o que mais pesou para o resultado negativo foi o desempenho de equipamentos de transporte. Já a queda na produção de bens de consumo duráveis reflete, por exemplo, a queda da produção de veículos e produtos alimentícios.
Macedo alertou que os mesmos fatores que contribuíram para inibir consumo e investimentos em 2015 permanecem em 2016:
— Tem uma demanda doméstica com comportamento de retração, mercado de trabalho com menos pessoas ocupadas, índice de inflação ainda elevado, taxa de inadimplência elevada, crédito caro e restrito. Esses fatores justificaram a queda de produção industrial em 2015 e permaneceram no nosso escopo de análise em 2016.